Por Kleber Karpov
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu, em agosto, um alerta sobre o aumento de 34 vezes no número de casos de sarampo nas Américas em 2025, comparado a 2024. Dez países da região registraram mais de 10 mil confirmações e 18 mortes, cenário atribuído à baixa cobertura vacinal, que segue abaixo dos 95% recomendados para a proteção coletiva contra o vírus altamente transmissível.
No Brasil, foram registrados 24 casos até o fim de agosto, a maioria no Tocantins. Embora o número seja baixo em comparação a países como México, que concentra 14 óbitos, o país permanece em alerta. Para Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), é urgente elevar a imunização. “O sarampo é altamente transmissível. Precisamos atingir, no mínimo, 95% de cobertura vacinal para criarmos uma proteção coletiva, reduzindo a quantidade de pessoas suscetíveis ao vírus”, alerta.
Vacina é a única proteção
Altamente contagioso, o sarampo pode evoluir para complicações graves como pneumonia e encefalite. A doença, que teve sua circulação endêmica eliminada nas Américas em 2016, voltou a ameaçar a região. Segundo a Opas, a maioria dos casos registrados em 2025 ocorreu entre pessoas não vacinadas.
A proteção efetiva exige duas doses da vacina. “As crianças que não têm as duas doses registradas na caderneta não estão totalmente protegidas”, explica Siqueira. Em 2024, a cobertura vacinal nas Américas foi de apenas 89% para a primeira dose e 79% para a segunda.
Brasil reforça ações
A situação no Brasil, no entanto, é mais favorável. Após anos de queda, a cobertura vacinal voltou a crescer a partir de 2023. O número de municípios que atingiram a meta de 95% na segunda dose da tríplice viral mais que dobrou, passando de 855 em 2022 para 2.408 em 2024.
Diante do cenário regional, o Ministério da Saúde tem intensificado as ações, especialmente em áreas de fronteira. Iniciativas incluem a reativação da Comissão Binacional de Saúde com o Uruguai e a promoção de sucessivos dias D de vacinação em estados como Acre, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Marilda Siqueira reforça, contudo, que o sucesso depende da população. “Esse trabalho só terá sucesso se contar com a participação da população. Isso significa procurar o serviço de saúde ao apresentar febre com exantema — aquelas manchas vermelhas pelo corpo — e manter a vacinação em dia”, completa.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










