Por Kleber Karpov
Milhares de manifestantes ocuparam a Torre de TV, no centro de Brasília, neste domingo (07/Dez), para denunciar a escalada da violência de gênero e cobrar ações efetivas do poder público. Convocado por dezenas de organizações civis sob o mote “Levante Mulheres Vivas”, o protesto reuniu lideranças sociais e autoridades federais em resposta a uma sequência de assassinatos de mulheres que ganhou repercussão nacional na última semana.
O ato contou com a presença da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e de seis ministras de Estado, entre elas Cida Gonçalves (Mulheres) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Sob fortes chuvas, o grupo criticou a suposta negligência das instituições na proteção das vítimas e na prevenção de crimes.
A socióloga Vanessa Hacon, integrante do Coletivo Mães na Luta, apontou falhas estruturais no acolhimento de denúncias. Para a ativista, o sistema de Justiça revitimiza as mulheres e nega medidas protetivas essenciais em momentos críticos de risco.
“Existe uma ideologia machista nos tribunais que deslegitima denúncias com base em estereótipos de gênero vulgares, do tipo ‘essa mulher é uma ressentida’, ‘não aceita o fim do relacionamento’, ‘vingativa’. Essas denúncias precisam ser levadas a sério e, de fato, processadas corretamente, ao invés de arquivadas sob argumentos vagos”, disse Vanessa Hacon.
Representantes de movimentos sociais destacaram o recorte racial e econômico da violência. Leonor Costa, do Movimento Negro Unificado (MNU), defendeu a educação como ferramenta para desconstruir a cultura patriarcal que naturaliza o poder masculino e a subjugação feminina.
Orçamento e autonomia financeira
A elaboração de políticas públicas eficazes depende diretamente da destinação de recursos orçamentários, segundo Renata Parreira, do Levante Feminista. A empreendedora Aline Karina Dias acrescentou que a autonomia financeira constitui um mecanismo fundamental para romper ciclos de violência doméstica e dependência econômica.
A mobilização ocorre após casos de grande repercussão, como o assassinato de duas servidoras no Cefet-RJ e a morte de uma cabo do Exército no Distrito Federal. Dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero indicam que cerca de 3,7 milhões de brasileiras sofreram violência doméstica no último ano, com mais de 1.180 feminicídios registrados em 2025.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










