Ao se dirigir a líderes mundiais em Nova York, presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que a autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) está “em xeque” em meio a uma “desordem internacional marcada por seguidas concessões a política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias”. Segundo Lula, as intervenções unilaterais estão se normalizando, o que representa uma ameaça direta à paz e aos direitos soberanos das nações.
Crise do multilateralismo
O presidente brasileiro estabeleceu um “evidente paralelo” entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia em escala global. “O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas”, afirmou Lula, apontando para a atuação de “milícias físicas e digitais” que cerceiam a imprensa e cultuam a ignorância.
Em uma crítica velada, mas direta, a agressões contra as instituições brasileiras, Lula mencionou que “pela primeira vez em 525 anos da história do Brasil, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito”. Ele ressaltou que o processo foi minucioso, com amplo direito de defesa, “prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas”. Para o presidente, o Brasil enviou um recado claro aos “candidatos autocratas e àqueles que os apoiam”, afirmando que a democracia e a soberania do país “são inegociáveis”.
Conflito no Oriente Médio
Em outro momento de seu pronunciamento, e em uma conferência antecedendo a Assembleia Geral, Lula defendeu a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina. “O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir”, disse. Ele criticou o que chamou de “tirania do veto” no Conselho de Segurança da ONU, que, segundo ele, “sabota a própria razão de ser da ONU”.
Lula condenou os atos do Hamas, mas ressalvou que “o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis”. “Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças, destruir 90% dos lares palestinos e usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de ajuda”, declarou o presidente.
Pobreza e desigualdade
A pauta social também foi um dos pilares do discurso. Lula afirmou que “a pobreza é tão inimiga da democracia quanto o extremismo” e comemorou a saída do Brasil do mapa da fome em 2025, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Ele destacou que, apesar do avanço brasileiro, “no mundo, ainda há 670 milhões de pessoas famintas”.
O presidente defendeu uma “Aliança Global” contra a fome e a pobreza, lançada no âmbito do G20, e propôs uma revisão das prioridades da comunidade internacional. Entre as sugestões, estão a redução de gastos com guerras em favor do aumento da ajuda ao desenvolvimento, o alívio da dívida externa de países mais pobres e a definição de uma tributação global mínima para que “os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores”.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.











