Por Kleber Karpov
Em sessão desta terça-feira (29/Abr), os deputados distritais repercutiram os atos de vandalismo decorrente da revolta de usuários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Ceilândia I, na noite de domingo (27/Abr). Os parlamentares pediram o fortalecimento da saúde pública do DF.
O distrital, Chico Vigilante (PT), lamentou o episódio e se solidarizou com a categoria dos vigilantes. “Antes de ontem houve uma depredação na UPA de Ceilândia, que é a maior do DF. A situação de caos na saúde está sobrando para os vigilantes, que têm que conter a fúria das pessoas que ficam horas a fio aguardando atendimento”, observou.
O colega, Gabriel Magno (PT), questionou a gestão e se solidarizou com usuários e servidores. “A população está se revoltando com razão nas portas dos hospitais. Deixo minha solidariedade aos servidores da saúde, que estão na ponta tentando oferecer o melhor atendimento. Mas eles não têm culpa, pois a gestão do DF está um caos”, criticou.
Dayse Amarilio (PSB), por sua vez, abordou a falta de profissionais para atender as demandas da população, segundo a deputada, os trabalhadores estão a atuar sob pressão. “As equipes estão apanhando nas UPAs. Muitos servidores estão com medo de ir trabalhar. Vários inclusive já entregaram seus cargos. Não sei o que o governo pretende fazer, mas não é possível enfrentar as sazonalidades das doenças sem nomear agentes de vigilância em saúde, sem nomear enfermeiros, sem nomear técnicos de enfermagem. O servidor da saúde hoje trabalha doente e desmotivado”, alertou a deputada.
Causa e efeito?
Em entrevista ao PDNews, em 18 de fevereiro, a então secretária de estado de Saúde do DF (SES-DF), Lucilene Florêncio, atual superintendente da Região de Saúde Oeste, comentou sobre o início do processo de atendimentos pediátricos nas UPAS do DF, serviço inicialmente inaugurado nas unidades de São Sebastião, Ceilândia I, Recanto das Emas e Sobradinho II. O projeto tinha por base a oferta de pediatria 24 horas e que em breve deveria ser estendido a Samambaia e Núcleo Bandeirante.
A medida era uma forma de o Governo do Distrito Federal (GDF), ampliar a oferta de atendimento pediátrico nas Regiões Administrativas e uma forma de desafogar as urgências dos hospitais, a exemplo do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB).
Porém, vale ressaltar que desde então, a SES-DF que se preparava para lidar com o aumento de demanda pediátrica, mesmo com a escassez de pediatras, dado a sazonalidade de atendimentos às crianças, o DF enfrentou dois problemas, um a sobrecarga em relação a falta de leitos nas Unidades de Terapia Intensivas Neonatais (UTIN) no Hospital Regional de Taguatinga (HRT)(7/Mar), sobrecarga essa decorrente do recebimento de parte do fluxo de atendimento do HMIB, com reformas em andamento no Centro Obstétrico em 27 de fevereiro. Com a SES-DF sob gestão de Juracy Cavalcante Lacerda Júnior, ainda em 7 de março, abriu mais leitos de UTIN no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), hospital sob gestão do Instituto Estratégico de Gestão de Saúde do DF (IGESDF), tal qual as 13 UPAS do DF, para absorver a sobrecarga do HRT. Demandas essas que levaram também a transferência de parte dos atendimentos pediátricos às UPAS do DF.
Logísticas essas que equalizaram a sobrecarga do HRT, enquanto o Centro Obstétrico do HMIB permanece em obras. Situação que resolveu parte da demanda, no que tange a recursos humanos. Nesse contexto o desafio, até normalização da obra, com o agravante da sazonalidade dos atendimentos pediátrico, está no dimensionamento de equipe.
Vale lembrar que a UPA Ceilândia I, acabou por lidar com a revolta da população após avisar a restrição de atendimento a pacientes com classificação de risco Laranja ou vermelho — para casos graves ou sob risco de óbito.
Contratações
Na segunda-feira (28/Abr) o IGESDF anunciou processo seletivo para adastro reserva em dois cargos: Técnico em Enfermagem – UTI Pediátrica e Enfermeiro Administrativo – Educação Permanente.
Desde janeiro desse ano, o IGESDF anunciou processos seletivos para contratação de Pediatras e fisioterapeutas pediatras. Outras 200 vagas para médicos generalistas (10/Mar), além de um cadastro reserva com 700 vagas e, 50 neonatologistas para vagas imediatas e outras 50 para cadastro de reserva.