Por Kleber Karpov
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) emitiu um alerta sobre a necessidade urgente do diagnóstico precoce do câncer bucal (06/Nov), visando reduzir a alta taxa de mortalidade da doença, que persiste entre 43% e 45% dos casos. A conscientização ocorreu durante a Semana Nacional de Prevenção e enfatizou que a neoplasia, sendo a oitava mais frequente no Brasil, possui até 90% de chances de cura quando identificada em estágios iniciais.
A pasta reforçou a importância da vigilância, baseada em dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). De acordo com a projeção nacional, a doença deve atingir mais de quinze mil brasileiros até o ano de 2025. No contexto local, a estimativa do Inca aponta para cerca de cinquenta novos diagnósticos apenas no Distrito Federal durante o mesmo período. Este tipo de neoplasia é o quinto mais comum na população masculina.
Sinais iniciais da doença
O câncer bucal pode se manifestar inicialmente com indicadores discretos, como uma ferida na cavidade oral que se mantém sem cicatrização. Outros sinais iniciais incluem o surgimento de uma mancha persistente ou uma dor que, a princípio, aparenta ser inofensiva. O atraso na detecção desta condição, contudo, torna o tratamento subsequente mais invasivo para o paciente.
A identificação primária da doença é realizada através de exame clínico, complementado pela biópsia da área considerada suspeita. O autoexame em frente ao espelho também é recomendado. O cirurgião-dentista Eliziário Leitão orienta a população sobre a forma correta de realizar o monitoramento individual da saúde bucal.
“Observe a boca no espelho e procure alterações na língua, gengiva, bochechas e lábios. Se algo parecer diferente, é fundamental procurar um dentista”, aconselha Leitão.
As lesões que não cicatrizam após vinte e um dias, o aparecimento de manchas brancas ou avermelhadas e as alterações persistentes na mucosa bucal exigem atenção imediata. Leitão detalhou a principal diferença para lesões comuns.
“No início, o câncer costuma ser indolor e muitas vezes é confundido com uma afta. A diferença é que a afta dói e desaparece, enquanto a lesão cancerígena é assintomática no início”, detalhou Leitão.
Tabaco, álcool e o risco do HPV
Entre os fatores de risco determinantes, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool mantêm-se como as principais causas da incidência. Segundo Leitão, a maior parte dos pacientes diagnosticados corresponde ao perfil de fumantes crônicos. O cirurgião-dentista, que atua como voluntário na SES-DF, atribuiu a alta porcentagem de ocorrência ao vício.
“Aproximadamente 93% dos pacientes diagnosticados são fumantes e o risco aumenta em até 30 vezes quando o cigarro é combinado com bebidas destiladas”, explicou Leitão.
A exposição solar desprotegida da área bucal constitui outra ameaça, em especial para indivíduos que exercem atividades laborais ao ar livre. Adicionalmente, os especialistas manifestam preocupação crescente com a transmissão do papilomavírus humano (HPV).
“Os mesmos subtipos do HPV que provocam câncer na região genital estão aparecendo na cavidade oral, transmitidos pelo sexo oral sem proteção, principalmente entre os mais jovens”, alertou Leitão.
Diagnóstico e tratamento pelo SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença de forma integralmente gratuita. O cidadão deve procurar inicialmente a Unidade Básica de Saúde (UBS) de sua área de referência para uma avaliação primária da lesão.
Em seguida, o paciente será encaminhado para um dos quatorze Centros de Especialidade Odontológica (CEOs) presentes no Distrito Federal. Nesses centros, serão realizados o diagnóstico clínico e a biópsia da área suspeita. Após a confirmação da neoplasia, o tratamento protocolar inclui o procedimento cirúrgico para a remoção do tumor, geralmente seguido por sessões de radioterapia.
A Lei nº 13.230, de 2015, instituiu a Semana Nacional de Prevenção ao Câncer Bucal, que é celebrada anualmente na primeira semana de novembro. A legislação visa reforçar a execução de ações profiláticas de saúde pública em todo o território nacional.
“A prevenção é o maior desafio. Muitas pessoas desconhecem a possibilidade de câncer na boca e é fundamental informar a população sobre a existência e a agressividade dessa doença tanto no físico quanto no mental”, concluiu Leitão.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
