22.5 C
Brasília
05 dez 2025 11:34

Opinião: IGESDF, o parasita da saúde do DF

Por Gutemberg Fialho

Por definição – não minha e, sim, do dicionário -, o parasita é um ser vivo que retira os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento de outro ser vivo. E, ao observar o IGES-DF com mais precisão, chega-se à conclusão de que o Instituto faz exatamente o mesmo movimento do parasita com a rede pública de saúde do DF: tira de lá os poucos nutrientes que restam ao SUS-DF para manter ali a imagem de uma instituição que agrega e entrega. Porém, na prática, e os pacientes sabem bem disso, o IGES limita e segrega a assistência à saúde.

Na semana passada, o governador Ibaneis Rocha anunciou, inclusive, que ainda neste ano, devem ser entregues as UPAs de Ceilândia, Paranoá, Riacho Fundo, Brazlândia, Gama, Vicente Pires e Planaltina: todas administradas pelo IGES-DF, a exemplo das atuais Unidades de Pronto Atendimento de Ceilândia, do Núcleo Bandeirante, do Recanto das Emas, de Samambaia, de São Sebastião e de Sobradinho. Fiquei surpreso, confesso. Por conta da tal matemática, que não mente.

Atualmente, além das UPAs, o IGES-DF faz a gestão do Hospital de Base e do Hospital Regional de Santa Maria. O custo previsto das novas UPAs – que de fato são uma necessidade para a população tão padecida pelo abandono da saúde pública – é de R$ 46 milhões. Em abril deste ano, segundo a imprensa local, o IGES-DF tinha uma dívida de custeio de aproximadamente R$ 250 milhões. Nesse ínterim, foi denunciado e veiculado que a SES-DF estava devendo R$ 13 milhões à Associação Saúde em Movimento (ASM), referentes aos serviços prestados na gestão de quatro unidades de hospitais de campanha, entre eles Santa Maria e Ceilândia – inclusive, isso atrasou o salário de médicos e outros profissionais da linha de frente da covid-19.

Lembrando que o Base e Santa Maria são geridos pelo IGES-DF, criado, em 2017, como Instituto Hospital de Base: a terceirização do maior hospital do DF. Terceirização, salientando, é a contratação de serviços de terceiros para alguma função. Neste caso, significou colocar na mão de empresas privadas a responsabilidade pela prestação de serviços públicos. Depois, quando Ibaneis assumiu, ampliou o modelo e criou o IGES-DF. Mais terceirização…A promessa, com isso, era de uma melhora incrível na assistência à saúde pública do DF.

Há poucos meses, foram paralisadas consultas médicas e o tratamento oncológico de pacientes com câncer no Hospital de Base por falta de remédios. Em Santa Maria, o CRM-DF alertou recentemente para a falta de antibióticos e sedativos: essenciais para o tratamento da covid-19. Nesta semana, estive na UPA de Sobradinho (gerida pelo IGES-DF) e adivinha? Déficit de médicos, falta de próteses e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de procedência duvidosa.

Agora, voltando à matemática. Tem verba para erguer sete UPAs, entregá-las antes de 2022 (ano eleitoral), mas não tem dinheiro para medicamentos oncológicos, cujos pacientes, com câncer, morrem sem tratamento adequado? Por que construir mais unidades geridas pelo IGES-DF e não pela Secretaria de Saúde? É estranho, no mínimo.

Por que não investir os R$ 46 milhões na própria SES-DF, que sofre com hospitais aos pedaços e, ainda assim, se esforça suprir a demanda da população? Fica aqui a reflexão.
Acredito que legados são feitos de condutas. E essas condutas, marcadas por decisões na gestão pública, levam a resultados. Bons resultados quando as condutas são bem intencionadas. O IGES-DF não é um bom resultado. O SUS é um bom resultado. É fruto da certeza de que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Disso, sim, vem o legado de um governante: deixar o seu cargo, ou permanecer nele, com uma população saudável. Por isso, digo novamente, o IGES precisa parar de parasitar a rede pública e devolver aos servidores e à população o que lhes foi tirado.

Gutemberg Fialho é médico e advogado,
presidente da Federação nacional dos Médicos
e do Sindicato dos Médicos do DF

Primeira Turma do STF forma maioria para condenar cúpula da PMDF

Por Kleber Karpov A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal...

Flávio Dino veta repasse de emendas a Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem

Por Kleber Karpov O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal...

Parque do Cortado recebe 15 mil mudas do Cerrado no Dia de Plantar

Por Kleber Karpov O Governo do Distrito Federal (GDF) promove,...

IPVA terá reajuste médio de 1,72% e IPTU sobe 5,1% em 2026

Por Kleber Karpov A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)...

GDF institui plano de emergência para enfrentar poluição crítica do ar

Por Kleber Karpov O Governo do Distrito Federal (GDF) oficializou,...

Motoristas de aplicativo DO DF devem instalar QR Code até 17 de dezembro

Por Kleber Karpov Os motoristas de transporte por aplicativo do...

Destaques

Celina Leão dialoga com categoria em assembleia dos GAPS e presidente do SindSaúde-DF aproveita ‘visibilidade’ para tripudiar com parceiros?

Por Kleber Karpov A vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressistas),...

Primeira Turma do STF forma maioria para condenar cúpula da PMDF

Por Kleber Karpov A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal...

Flávio Dino veta repasse de emendas a Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem

Por Kleber Karpov O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal...

Parque do Cortado recebe 15 mil mudas do Cerrado no Dia de Plantar

Por Kleber Karpov O Governo do Distrito Federal (GDF) promove,...

IPVA terá reajuste médio de 1,72% e IPTU sobe 5,1% em 2026

Por Kleber Karpov A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)...