Por Kleber Karpov
Uma pesquisa conduzida por estudantes de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB) revela que o convívio com voluntários em hospitais e instituições de saúde melhora o bem-estar emocional e a qualidade de vida de crianças com doenças crônicas. O estudo, divulgado (05/Nov), analisou o impacto do voluntariado em crianças com câncer, deficiência auditiva e Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Distrito Federal, concluindo que a interação devolve a elas o prazer de viver a infância.
Impacto no tratamento
O estudo, intitulado “Impacto do trabalho voluntário na qualidade de vida de crianças portadoras de doenças crônicas na perspectiva de seus responsáveis”, foi desenvolvido pelas alunas Ana Victória Amaral e Larissa Maciel. Elas entrevistaram responsáveis por crianças que participam de projetos de voluntariado em instituições do DF.
Os resultados apontam que o convívio amplia a socialização e fortalece a autoestima de meninos e meninas que enfrentam longos períodos de tratamento. As autoras identificaram as atividades lúdicas e artísticas como principal fator das mudanças. “O brincar foi entendido como uma ferramenta de resiliência e comunicação emocional, não mera recreação”, explicaram Ana Victória e Larissa.
Baseadas no conceito de “espaço potencial”, do psicanalista Donald Winnicott, as pesquisadoras indicam que o ato de brincar cria um território simbólico onde a criança elabora o sofrimento. Um dos relatos destacados foi o de uma menina em tratamento oncológico que, após uma atividade, “abraçou a própria carequinha pela primeira vez depois da quimioterapia”.
Alívio para cuidadoras
A pesquisa revela que o impacto positivo do voluntariado se estende aos familiares. A professora Tania Inessa, orientadora do estudo e docente de Psicologia e Medicina do CEUB, aponta que a presença dos voluntários representa um “respiro” na rotina de cuidados, especialmente para mães solo.
“As mães relatam que ver os filhos sorrindo pela primeira vez na semana, trocar experiências e sentir-se acolhidas por outras mulheres foi transformador”, relatou Tania Inessa.
A orientadora defende que o trabalho voluntário deve ser compreendido como parte integrante da rede de atenção à saúde, e não apenas como caridade. “O adoecimento é um fenômeno complexo, que envolve dimensões biológicas, sociais e emocionais. O voluntariado cria espaços de convivência e troca que fortalecem o cuidado integral”, explicou.
Humanização da medicina
No estudo, as estudantes destacam que fé, esperança e resiliência são pilares que sustentam essas cuidadoras. O voluntariado, ao criar laços e promover a escuta ativa, reaviva o sentido de comunidade nos hospitais. “O voluntariado nos faz voltar à essência da medicina: servir ao outro sem esperar nada em troca”, resumiram as alunas.
Como próximos passos, as autoras pretendem ampliar a pesquisa e estimular parcerias entre universidades, hospitais e organizações sociais. “Quanto mais habilidades temos, mais podemos ajudar as pessoas. O voluntariado é uma filosofia de vida que humaniza a profissão e transforma quem serve e quem é servido”, concluíram as futuras médicas.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










