Por Kleber Karpov
Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) promoveu, em agosto, uma palestra para seus gestores sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), marcando os sete anos da legislação. O encontro, conduzido pelo advogado especialista em privacidade de dados João Gonçalves, reforçou a aplicação da norma no contexto hospitalar como parte essencial da segurança do paciente.
Dados como valor
João Gonçalves destacou a sensibilidade das informações no setor de saúde e os riscos associados à digitalização. “A saúde, por natureza, trabalha com dados muito sensíveis e que têm um potencial de levar prejuízo, em qualquer cenário, para seu titular”. Ele explicou que, com o avanço da informatização, a vulnerabilidade aumenta. “A LGPD vem porque estamos nos digitalizando; quanto mais digitalizados, mais vulneráveis. É impossível fazer saúde sem compartilhar dados, mas é preciso saber com quem está compartilhando”.
O advogado enfatizou que a proteção de dados deve ser vista como um pilar da segurança assistencial. “Quando falamos de assistência, de cuidar de pessoas, falamos de riscos. Quando olho para a segurança do paciente e começo a enxergar a proteção de dados lá, começo a enxergar dados como valor”.
Conscientização contínua
A palestra integra um programa contínuo de segurança da informação no HCB. Desde 2021, o hospital desenvolve normativos internos, como as políticas de segurança da informação e de privacidade. Para disseminar as diretrizes, a instituição utiliza uma cartilha na intranet, cards informativos semanais e pop-ups diários com alertas nos computadores de trabalho, segundo a gerente de Compliance e Riscos, Cinthia Tufaile.
O engajamento da equipe foi intensificado após um ataque cibernético sofrido pela instituição em 2024. Embora não tenha sido identificado vazamento de dados, o incidente reforçou a importância das medidas de segurança. “Já vínhamos aplicando várias medidas antes, mas hoje as pessoas têm um cuidado maior; elas entenderam a dimensão e vemos uma preocupação maior, hoje, de reportarem incidentes”, relata Tufaile. Todos os funcionários, novos e antigos, passam por treinamentos específicos sobre a LGPD, incluindo um curso voltado à realidade da instituição.
Cuidado integral
As ações do HCB se estendem também ao público externo. O site do hospital possui uma seção dedicada à LGPD, que permite aos titulares de dados fazerem requisições. Além disso, o hospital foi pioneiro ao criar um aviso de privacidade voltado para o jovem paciente, explicando o uso de suas informações de forma acessível. “A intenção é trazer para eles, também, essa ideia do nosso compromisso, que é integral. A criança merece o melhor em todos os aspectos; proteger os dados dela está dentro do nosso escopo”, explica a gerente.
Cinthia Tufaile ressalta que o trabalho de proteção de dados é permanente e precisa se adaptar às novas tecnologias, como a inteligência artificial. “É um programa constante, não tem começo, meio e fim. Vamos ter outras ações, porque temos que ir evoluindo nessa maturidade”, garante.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










