UPAs do DF reforçam equipes com médicos rotineiros para qualificar atendimentos

Por Kleber Karpov

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IGESDF) reforçou as equipes das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) com a contratação de médicos rotineiros, que atuam há cerca de um mês para qualificar a assistência e dar maior agilidade ao fluxo de pacientes. A iniciativa, que se soma a um esforço mais amplo do governo para reduzir o gargalo nas filas de espera, já apresenta resultados expressivos, por exemplo, na UPA de Vicente Pires, onde o giro de leitos aumentou 60,52%.

Os novos profissionais, com experiência em clínica médica e terapia intensiva, garantem a continuidade no cuidado dos pacientes internados, o que permite aos médicos emergencistas focarem no atendimento de novos casos que chegam às unidades. Com carga horária mínima de 30 horas semanais, os novos médicos auxiliam na gestão de leitos, orientam planos terapêuticos e definem critérios para internação e alta.

Segundo a gerente geral de assistência das UPAs, Ana Patrícia de Paula, a atuação desses profissionais otimiza a gestão do cuidado. “A presença contínua do médico rotineiro permite uma visão mais integrada da situação dos pacientes, facilita a comunicação entre as equipes e resulta em maior qualidade assistencial. Além disso, contribui diretamente para reduzir o tempo médio de permanência nas unidades”, afirma.

Mais giro de leitos

Na UPA de Vicente Pires, os efeitos da nova estratégia são notáveis. A unidade, que antes mantinha uma média diária de 35 a 38 pacientes internados, agora opera com uma média de 10 a 15, o que representa um aumento de mais de 60% na rotatividade dos leitos. “Notamos também uma redução no tempo de espera para o atendimento. Antes, um médico ficava quase 12 horas verificando a evolução de pacientes internados na sala verde. Agora, o plantonista consegue avaliar mais rápido e ir para a porta atender aqueles que aguardam na recepção”, afirma o gerente da unidade, Jackson Teixeira.

O médico rotineiro Leonardo Vieira de Lima, há um mês na UPA de Vicente Pires, explica que sua experiência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tem sido crucial. “Quando comecei com os rounds multidisciplinares, momento em que discutimos a evolução dos pacientes e os próximos passos a serem tomados, como alta ou transferência, percebi como o meu papel ajudou a agilizar essas decisões”, avalia. Ele observa que os médicos plantonistas, devido à alta demanda da emergência, muitas vezes não conseguem realizar esse acompanhamento contínuo.

Esforço conjunto

A iniciativa surgiu a partir de uma análise de demandas judiciais por leitos de UTI, em um diálogo que envolveu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), a Secretaria de Saúde (SES-DF), o IGESDF, a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PG-DF). O objetivo foi qualificar o fluxo de internações, um dos principais gargalos da saúde pública.

A contratação dos rotineiros se alinha a outras ações por parte do governo, de fortalecimento da rede, a exemplo da contratação de 132 novos profissionais. Dentre esses, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, técnicos e equipes administrativas passaram a reforçar o atendimento das UPAS e a entrega de saúde à população.

Atualmente, apenas a UPA Brazlândia ainda não conta com médicos rotineiros nas equipes de atendimento. Porém, o IGESDF tem previsão de lançamento de um novo processo seletivo, ainda este mês, para preencher a vaga.

Resultado?

Em um vídeo que PDNews teve acesso, na noite desta quinta-feira (14/Ago), uma cena inédita pode ser constatada. Um servidor aponta a ausência de pacientes a serem atendidos no hall de espera de uma UPA do DF.