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05 dez 2025 13:40

Time de pesquisadores da UTI Neurotrauma do HBDF desenvolve técnica com potencial transformador

Neuromodulação por Estimulação Elétrica Periférica (NEEP) tem revolucionado a recuperação de pacientes

Por Bruno Laganá

Durante a última semana de janeiro, a UTI Neurotrauma do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) recebeu a visita de pesquisadores de um renomado hospital privado de São Paulo. O objetivo foi aprender mais sobre a Neuromodulação por Estimulação Elétrica Periférica (NEEP) e como implementar o “Time de Suporte Neuromuscular Avançado”.
Criado em 2021 pelo pesquisador Prof. Dr. Paulo Eugênio Silva e pela chefe do Serviço de Saúde Funcional, a fisioterapeuta Agda Ultra, este time de suporte busca mudar o paradigma atual (conhecido como survival), onde médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e nutricionistas focam em garantir que os pacientes sobrevivam ao período de internação na UTI. Com os avanços tecnológicos, o maior desafio atual é dar alta aos pacientes da UTI de forma mais rápida e com o máximo de independência funcional (survivorship).
A pesquisadora paulista Fernanda de Oliveira, comentou sobre a visita a Brasília. “Solicitamos autorização para uma visita técnica e estamos muito satisfeitos. Conhecemos um time de excelência, com protocolos robustos, dinâmicos e bem definidos. É um processo que traz claros benefícios para os pacientes críticos”, relatou.
Marília Mendes Rodrigues, pesquisadora e membro do Time de Suporte Neuromuscular Avançado, explica: “Na UTI, o fisioterapeuta assistencial desempenha um papel fundamental, sendo responsável por até dez pacientes, com foco na reabilitação respiratória e motora. Além disso, ele colabora ativamente em atividades compartilhadas com a equipe multidisciplinar, como transporte intra-hospitalar. Enquanto isso, nosso time especializado trabalha no tratamento específico do sistema neuroimunoendócrino, com ênfase na manutenção da força, massa muscular e na redução do processo inflamatório de baixo grau. Ambos os fisioterapeutas, assistenciais e especializados, têm papéis distintos, mas essenciais, e complementares, garantindo um cuidado integral e otimizado ao paciente”.
Segundo o coordenador do Time, Prof. Paulo Eugênio Silva, dos pacientes que recebem alta, mais da metade desenvolve uma condição chamada de fraqueza adquirida na UTI. “O uso de medicamentos e a restrição ao leito durante a internação afetam o sistema nervoso periférico, reduzindo significativamente a força muscular. Para que não permaneçam muito tempo internados na UTI, que é um ambiente de alto potencial de infecção, os pacientes costumam ter alta sem conseguir caminhar, tomar banho sozinhos ou se alimentar. Muitos não conseguem voltar ao trabalho, o que se tornou um problema de saúde pública mundial”, explica.
Com a aplicação do Suporte Neuromuscular Avançado, a chance de alta sem sequelas é considerável. “Desde que implantamos essa tecnologia em 2021, atendemos mais de 5 mil pacientes. Em um ensaio clínico com 60 pacientes no Hospital de Base do DF, demonstramos que 50% dos que receberam tratamento convencional desenvolveram fraqueza adquirida na UTI, enquanto que nenhum dos que receberam o Suporte Neuromuscular Avançado apresentou essa condição”, afirma o Prof. Paulo Eugênio Silva. O estudo foi publicado em 2019 em um importante periódico da sociedade japonesa de terapia intensiva.
Confira o estudo na íntegra: 

Como Funciona?

Para aplicar a técnica, o time utiliza um dispositivo específico, desenvolvido a partir de pesquisas científicas que envolvem a NEEP. ‘Venho estudando a NEEP desde 2007. Em 2008, realizei um fellowship na Bélgica, o que me permitiu absorver novas ideias. Em 2012, já no Brasil, foi desenvolvido um dispositivo para a aplicação de NEEP em pacientes críticos, o único no mundo com certificação da ANVISA para uso em UTI, o que resulta em maior segurança na prática assistencial’, explica o Prof. Silva.
Os pacientes passam por uma rigorosa avaliação individual para aplicação do tratamento, que envolve a despolarização dos motoneurônios-α, duas vezes por dia, cinco vezes por semana. “Os equipamentos convencionais não possuem características fundamentais como frequência, largura de pulso e intensidade adequadas para nossos pacientes”, explica Marília Mendes.
Atualmente, o time da UTI Neurotrauma do HBDF está vinculado ao grupo de pesquisa “Fisiologia Clínica e Inovação Tecnológica”, certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e localizado no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). “Por conta do grupo, conduzimos estudos clínicos, orientamos alunos de mestrado e doutorado e temos publicado artigos científicos em periódicos importantes”, relata o Prof. Silva.
Ana Carolina Lagoa, gerente de pesquisa da Diretoria de Inovação, Ensino e Pesquisa (DIEP) afirma que a Gerência de Pesquisa (GERPE) atua no fortalecimento da produção científica no IgesDF, apoiando projetos inovadores como o desenvolvido pelo Time de Pesquisadores da UTI Neurotrauma do HBDF, liderado pelo Dr. Paulo Eugênio Silva.
“Esse grupo, certificado pelo CNPq como Fisiologia Clínica e Inovação Tecnológica, produz relevante e robusto conhecimento científico na área. Além desse suporte, a GERPE também é responsável pela gestão do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq no IgesDF, contribuindo para a organização e o avanço da pesquisa institucional”, explica Ana Carolina.
O grupo tem quatro pesquisas em andamento, duas nacionais e duas internacionais. Recentemente, o Prof. Silva contribuiu para um livro oficial da International Functional Electrical Stimulation Society (IFESS) e foi convidado para palestras nos Estados Unidos. “Lançaremos o livro na RehabWeek 2025 em Chicago e depois palestrarei na Universidade de Maryland”, conta.
Com tanta visibilidade internacional, Prof. Silva demonstra orgulho do trabalho. “Temos muito orgulho do nosso time e da equipe da UTI. É um trabalho multiprofissional, com engenheiros, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, cada um contribuindo de forma singular. As perspectivas de parcerias internacionais são promissoras e esperamos o apoio do IgesDF para continuar desenvolvendo essas tecnologias”, finaliza Prof. Silva.

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