Por Kleber Karpov
Especialistas alertam que a saúde mental de gestantes e puérperas é um fator decisivo para o desenvolvimento saudável do bebê, com transtornos como depressão e ansiedade podendo comprometer o vínculo, a cognição e o desenvolvimento infantil. No contexto do Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) destaca a urgência desses cuidados, uma vez que dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que aproximadamente 10% das gestantes e 13% das mulheres no pós-parto enfrentam algum transtorno mental.
A ginecologista e obstetra Rafaella Torres, do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), explica que até 20% das mulheres podem desenvolver transtornos emocionais durante a gravidez e o puerpério. “A depressão durante a gestação é considerada um fator de risco independente para a ideação suicida, que infelizmente ainda é uma das principais causas de mortalidade materna nesse período”, alerta a médica. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) classifica gestantes com depressão como pacientes de alto risco, associando a condição a complicações como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e maiores chances de abortamento.
Fatores de risco
As mudanças emocionais e as oscilações hormonais do período gestacional, somadas a preocupações com o parto e a maternidade, podem desencadear quadros de ansiedade e tristeza. Segundo Torres, quando a mãe está emocionalmente fragilizada, a interação inicial com o bebê pode ser severamente prejudicada. “Quando a mãe está fragilizada emocionalmente, a interação inicial com o bebê pode ser prejudicada, o que aumenta o risco de dificuldades emocionais na infância”, destaca.
Um dos principais desafios para as famílias e profissionais de saúde é diferenciar o baby blues — uma melancolia passageira que afeta a mulher nos primeiros dias após o parto e tende a desaparecer em até duas semanas — da depressão pós-parto, condição mais grave e prolongada. Esta última pode incluir isolamento, tristeza persistente e, em casos extremos, pensamentos suicidas.
Prevenção e apoio
A psicóloga Alane Lima, que atua na maternidade do HRSM, aponta a importância do acompanhamento psicológico para oferecer um espaço seguro onde a mulher possa expressar medos e expectativas. “Na ansiedade, os sintomas mais frequentes são taquicardia, falta de ar, insônia, dor no peito e preocupação excessiva. Já a depressão se manifesta por tristeza profunda, choro fácil e desesperança”, explica. O suporte profissional auxilia no fortalecimento do vínculo com o bebê e na desmistificação da maternidade idealizada.
Além do suporte especializado, hábitos como alimentação equilibrada, rica em vitaminas do complexo B, hidratação, prática regular de atividade física e sono de qualidade são apontados como importantes aliados na prevenção. Práticas de relaxamento, como meditação e ioga, também contribuem para o equilíbrio emocional. “O obstetra tem papel fundamental em reconhecer os sinais e encaminhar a paciente ao psiquiatra, quando necessário. Distúrbios psiquiátricos precisam de tratamento especializado”, reforça a obstetra Rafaella Torres.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










