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05 dez 2025 18:52

Reação das redes sociais: Para congressistas a culpa é da mulher violentada?

Após Motta ter descumprido acordo com governo federal e ter colocado em votação PDL que tornou sem efeito decreto presidencial de aumento do IOF, reação contra parlamentares nas redes sociais pode ter mudado postura passiva de eleitores para com seus representantes no Congresso Nacional

Por Kleber Karpov

Na calada da noite (25/Jun), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou a votação no dia seguinte, do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que tornou sem efeito o Decreto Presidencial de reajuste das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e gerou uma enorme reação nas redes sociais. Iniciativa essa considerada, por parte do Governo Federal, uma traição de Motta, pois dias antes, o parlamentar anunciou, em coletiva à imprensa, o “histórico” acordo firmado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT/SP), em reunião em 8 de junho, juntamente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União/AP).

Contradição

A iniciativa de Motta acabou por repercutir em uma reação sem precedente contra o Congresso brasileiro, além dos representantes das duas Casas. Em especial após Motta, ter tentado justificar a votação como uma tentativa de promover a contenção e corte de despesas por parte do Governo Federal. Porém, mas com a ‘pecha’ de quem na mesma data, a Câmara também aprovou a elevação de 513 para 531 o número de deputados federais a partir do próximo mandato, além de aumento do Fundo Partidário em R$ 168 milhões.

Reajustes propostos

Conforme esclareceu, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Nós não estamos propondo aumento de imposto, nós estamos fazendo um ajuste tributário nesse país para que os mais ricos paguem um pouco para que a gente não precise cortar dinheiro da educação e da saúde. Houve uma pressão das bets, das fintechs, eu não sei se houve pressão do sistema financeiro. O dado concreto é que os interesses de poucos prevaleceram dentro da Câmara e do Senado, o que eu acho um absurdo”, acrescentou.

Entre as medidas propostas no decreto estão o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) tanto às empresas de apostas eletrônicas, as chamadas bets, de 12% para 18%; quanto das fintechs, de 9% para 15%, igualando aos bancos tradicionais. Também há a previsão da taxação das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), títulos que atualmente são isentos de Imposto de Renda. Logo, sem qualquer conexão com aumento de impostos aos pobres.

Sob pressão

O fato concreto é que a tentativa de Motta, de colocar o Governo Federal, sob pressão, acabou por entrar, e colocar o Congresso Nacional em uma ‘panela de pressão’ nas redes sociais. Em especial, após ser chamado de “Herói”, pelo ex-prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB/SP), em reunião com cerca de 50 empresários paulistas.

Presidente da Câmara, Hugo Motta comemora votações no parlamento – Foto: Reprodução

Com uma reação, sem precedentes, nas redes sociais, Motta até tentou reverter a percepção da opinião pública, o que acabou por ter efeito de colocar mais ‘gasolina no fogo’. Isso ao sugerir afirmar ter alertado o governo sobre a resistência do parlamento em relação ao aumento do impostos, no que tange ao IOF. Porém, o presidente da CD, ignorou que as redes haviam deixado claro que o próprio, além de quebrar acordo com o governo, ignorou ligações de Haddad, e também de Lula. Com o agravante de deglutir, no gargalo, uma enorme dose de Chivas, o bom e velho blend escocês.

Vamos recuar

A reação nas redes sociais foi tão intensa que, nesta quinta-feira (3/Jul), a palavra de ordem de caciques políticos do Congresso Nacional amplamente ecoada, em especial por parte da grande mídia foi: ‘peçam para o povo recuar’, sob alegação de haver “uma campanha na internet com ataques ao Congresso”.

Sob essa ótica, até o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista), em evento em Portugal, chegou a passar mais de uma hora, por telefone, em conversa, amistosa, com Haddad também em atividade, na Argentina, para tentar se tentar buscar soluções internamente. Para Lira, momento “de todo mundo dar um passo para trás”.

Tal proposta, porque, Motta acabou por trazer a tona, também, o projeto do Executivo de isenção de imposto aos trabalhadores com salários de até R$ 5.000. Algo que para Lira, sobre eventual apreciação do projeto por esses dias. “O clima não me parece propício para liberar o texto, quando essa semana muitos de nós estaríamos aqui em Portugal, o presidente Lula em diversas missões, vários ministros fora do Brasil. A gente espera que, no retorno, poderemos continuar as conversas”.

Fim da invisibilidade ou abriram a porta do inferno?

O fato concreto é que o povo, por meio das redes sociais, acabou por dar visibilidade as ações dos parlamentares, em geral discutidas nos recôncavos e convexos das duas Casas Legislativas, distante dos olhares do povo brasileiro.

Mais grave que isso, em especial com recursos disponíveis por parte da tecnologia das Inteligência artificial, um forte aliado para se apresentar pontos e contrapontos, Motta pode ter aberto uma panela de pressão que faz chega fácil e rapidamente, às mãos, nos fogãos e oficinas de milhares de brasileiros, analogias de ‘a vida como ela é’ tocada por políticos brasileiros. Algo que, em período pré-eleitoral, pode ter um resultado nefasto, nas urnas e desarticular com o cacife político de centenas de políticos que juram, nos redutos, estarem a trabalhar, em Brasília para melhorar a vida dos brasileiros. 

O fato concreto é

Emparedados, e sem reação, a classe política, até então acostumada a ‘emparedar’ o governo por meio das redes sociais, ao tentarem justificar a ‘prensa’ popular contra ações questionáveis realizadas pelos congressistas, a resposta da classe política foi tentar culpar, o governo, por mais expontânea que pode ter sido a reação dos usuários das redes sociais. Sob essa ótica, reiteram a máxima que “A culpa será sempre da mulher violentada”.




Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894 Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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