Por Kleber Karpov
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) revelou que, embora o consumo de tabaco tradicional tenha diminuído para 8,4% da população em 2023, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) se tornaram uma nova e preocupante tendência, colocando o DF na primeira posição nacional em seu uso por adultos, com 5,7%.
Um boletim epidemiológico divulgado pela Gerência de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde (GVDANTPS) da SES-DF em agosto de 2023 mostrou que, apesar da queda geral em relação a 2019, quando o índice de usuários de tabaco era de 12%, a popularização dos vapes atinge principalmente os jovens.

A indústria que se reinventa para manter o vício
O coordenador do Programa de Controle do Tabagismo no DF, Saulo Viana, expressa sua preocupação com o cenário. Ele aponta que a dependência da substância sintética presente nos cigarros eletrônicos é bem maior do que a do cigarro convencional, e que a indústria utiliza estratégias como a modificação do cheiro, sabor e aparência dos vapes para atrair cada vez mais jovens.
“O DF deu uma melhorada em relação à prevalência de cigarros e ficou em décimo quarto entre os estados. Mas, no uso de cigarro eletrônico, o DF está em primeiro lugar. Os jovens estão utilizando vape cada vez mais cedo. E a dependência da substância sintética é bem maior”, relata.

A especialista Nancilene Melo reforça a crítica, afirmando que não existe nível seguro de exposição ao tabaco, pois todas as formas de uso são prejudiciais. “Os cigarros eletrônicos, muitas vezes apresentados como alternativa mais segura aos cigarros ditos convencionais, não são inofensivos. Eles contêm nicotina altamente viciante e diversos compostos químicos que podem causar inflamações, lesões pulmonares e prejuízos cardiovasculares”, alerta Nancilene Melo.
Riscos à saúde e prevenção
A profissional destaca que o uso por adolescentes e jovens é especialmente preocupante, pois o cérebro em desenvolvimento é mais suscetível à dependência. Estudos mostram que muitos usuários acabam se tornando duplos consumidores, mantendo o cigarro tradicional e o eletrônico, revelando a tática da indústria para manter as pessoas presas à nicotina.
O tabagismo continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão, sendo responsável por cerca de 85% dos casos. Diante disso, o subsecretário da Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos, ressalta que o controle do tabagismo salva vidas, reduz custos para o SUS e melhora a qualidade de vida da população.
“A Vigilância Sanitária tem atuado de maneira forte no comércio de cigarros eletrônicos, por meio das autuações nas madrugadas, e agido também na educação da população”, disse dos Anjos.
A SES-DF oferece o Programa de Controle do Tabagismo em 78 unidades de saúde, com atendimento gratuito que inclui avaliação médica, acompanhamento profissional e, se necessário, medicamentos.

Selo “Equipes inovadoras no controle do tabagismo”
O evento na Egov também marcou o lançamento do edital do Selo “Equipes inovadoras no controle do tabagismo”, que busca dar visibilidade e valorizar os profissionais que atuam na área. Os três primeiros colocados de equipes rurais e urbanas serão premiados em um evento em novembro, no Dia Nacional de Combate ao Câncer.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










