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23 jun 2025 15:16

Cuide do próprio quintal, sugere Ibaneis Rocha ao contrapor indicação da Embaixada dos EUA sobre risco de sequestros em Regiões Administrativas do Distrito Federal

Por Kleber Karpov

Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou texto, na sexta-feira (30/Mai), na página oficial da instituição com indicação de suposto aumento de risco de sequestro no país (Veja Aqui). Dentre os pontos destacados às recomendações aos americanos, houve indicação de não deslocamento para algumas Regiões Administrativas (RAs) do Distrito Federal, capital brasileira, com destaques para Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá.

De acordo com a Embaixada, tal notificação publicada sob o título de “Aviso de Viagem”,  se refere a uma atualização de recomendações de segurança destinada a informar aos cidadãos norte-americanos. A última atualização foi realizada em 2018.

O caso chamou atenção pois embora o texto faça referência genérica a área do Brasil, a exemplo de “Desenvolvimentos habitacionais informais, como favelas, vilas, comunidades ou conglomerados, a qualquer momento.”, estranhamente, o “Aviso de Viagem”, foi taxativo em relação a menções ao Distrito Federal. “Cidades Satélites” de Brasília à noite. Isso inclui Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá.”.

Tensões?

O caso chama atenção, dado a ‘momentos’ de tensões entre os EUA e o Brasil, desde a posse do presidente americano, Donald Trump (Republicano) com o início dos anúncios de taxações a diversos países, dentre esses, o Brasil. Movimentações essas do presidente americano que acabou por mexer no tabuleiro geopolítico em todo mundo e acabou por aprofundar, ainda mais o protagonismo do Brasil em relação ao Brics.

Mais que um bloco econômico, o Brics composto inicialmente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, começou a ampliar o espaço de cooperação e concentração de países do Sul Global com o objetivo de dialogar sobre temas da agenda internacional.

No entanto, ambos os países têm outros revezes que exigem a busca de equilíbrio diplomático dado os casos litigiosos que envolvem decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), personificado na pessoa do ministro Alexandre de Moraes, a frente de investigações de inquéritos, a exemplo das Fake News. Isso por envolver, sanções da Suprema Corte à big techs, a exemplo da rede social X (Antigo Twitter) do milionário Elon Musk, ou ainda  plataformas como Rumble ou a Truth Social, essa última de propriedade do próprio Trump. Caso esse que envolve, também, indiretamente, bolsonaristas, esses, na condição de investigado por diversas práticas que vão desde a produção e disseminação de falsas notícias, ao uso dessas redes para, organizar e disseminar a tentativa de golpe de Estado.

Também aquece, ou deixa mais sensível as relações entre os gigantes das Américas, do Norte e do Sul, a tramitação, de fazer com que o governo brasileiro passe a classificar facções a exemplo do Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC), na legislação brasileira, como organizações terroristas, em vez de criminosas. Segundo especialistas, tal mudança abriria precedentes para eventuais intervenções dos EUA de atuação em território brasileiro, com base em acordos de cooperação internacional.

O governo norte-americano se ampara, em informações recebidas, do senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), por comitiva dos EUA que esteve no Brasil, no início de maio. Um dossiê elaborado por parte das secretarias de Segurança Pública dos estados do Rio de janeiro e de São Paulo, governados por Cláudio Bomfim de Castro e Silva (PL) e Tarcisio Freitas (Republicanos), ambos, bolsonaristas, opositores a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Crimes no DF

Embora tais tensões eventualmente possam ‘justificar’, para alguns, a estranheza da posição da Embaixada dos EUA, em sugerir o risco de sequestros em RAs do DF, o Departamento norte-americano, por outro lado, no que tange ao Distrito Federal, parece ignorar, ou desconhecer, por exemplo, ser o Distrito Federal, considerado pelo Atlas da Violência de 2024, a segunda capital mais segura do país, com taxa de homicídio de 13%, maior apenas ao de Florianópolis (8,9%), capital de Santa Catarina. Os dados se referem ao ano de 2022.

Em outra fonte oficial de informação do governo brasileiro, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 indica ser o Distrito Federal, detentor de redução, em números absolutos, de todas as modalidades criminais, quando comparados os anos de 2022 e 2023.

Com os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), de homicídio doloso com 279 casos registrados em 2022 e 266 em 2023, de latrocínio de 21 para 18, lesão corporal seguida de morte 5 para 2. Fonte essa que aponta, por ainda um aumento de policial civil e militares vítimas de CVLI, sem caso em 2022 com um em 2023. Além de morte decorrente de intervenção policial (fora ou em serviço), de 16 casos em 2022 para 27 em 2023. Em termos de Mortes Violentas Intencionais (MVI) o DF registrou uma queda de 321 mortes em 2022 para 313 em 2023.

Anuario Brasileiro 2024

Vale ressaltar que nem os dados nacionais e tampouco balanços criminais ou dados históricos da Segurança Pública do DF (SSP-DF), corroboram com as indicações realizadas por parte da Embaixada dos EUA.

GDF rechaça indicação americana

Por meio de nota divulgada nesta quinta-feira (11), o governo de Brasília rebateu a inclusão das regiões do DF na lista de alerta. No texto, o GDF diz “rechaçar” essa colocação do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Cuide de seu quintal

Questionado pela imprensa, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), educadamente, convidou as autoridades americanas a conhecer as quatro RAs e mandou. “Eu convido eles a virem conhecer essas quatro cidades que eles falaram, que eles vão ver como as pessoas vivem com segurança e em paz. “.

Porém, o chefe do Executivo local, que esteve recentemente em Nova Iorque, com a primeira-dama, Mayara Noronha Rocha, não deixou passar batido o que viu em um dos principais cartões postais norte-americano e foi taxativo em fazer uma recomendação ao Tio Sam.

“Acho que eles têm muito mais coisa a fazer cuidando do país deles. Eu estive em Nova Iorque semana passada, por exemplo, e as ruas cheias de rato, urina, drogados no meio da rua. Eu acho que eles deveriam olhar um pouquinho para dentro do que acontece nos Estados Unidos, em vários estados dos Estados Unidos, não é só em Nova Iorque, para poder falar da nossa população aqui do Distrito Federal. Então, eu estou muito tranquilo em relação a isso.”, disse Rocha.

 

Depositphotos Parceiro Política Distrital

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