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26 abr 2024 00:02


“Houve o óbito da paciente, não por falta de médico”, afirma diretor do Sindate-DF à TV Globo

Sindicalista é confrontado no telejornal DFTV sobre pauta à imprensa, em caso da morte na Equipe Saúde da Família em São Sebastião

Por Kleber Karpov

Em entrevista ao DFTV 2a Edição, da Rede Globo (1o/Dez), o vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), Jorge Vianna foi confrontado com versão da família de dona Edivina, uma paciente de 51 anos, que morreu, no Equipe Saúde da Família, São Domingos, em São Sebastião, após ser medicada com uma injeção de penicilina benzatina, popularmente conhecida por benzetacil. Na matéria o DF TV apresentou questionamento de familiares à versão apresentada à imprensa.

No release, também recebido por Política Distrital (PD), o sindicato alertou ao fato de ter recebido denúncias de servidores serem “obrigados” a realizar medicações sem a presença de servidores. O SINDATE também afirma que orientou esses profissionais a deixar de cumprir tal determinação, além de alertar para a falta de estrutura do ESF de São Sebastião.

“A denúncia já havia chegado antes ao sindicato, no qual os profissionais relataram que estavam sendo obrigados a aplicar esse medicamento nos pacientes sem a presença do médico na equipe. O Sindate, na ocasião, orientou os profissionais que se recusassem a fazer a medicação, pois caso um paciente tivesse reação ao medicamento e viesse a óbito, uma vida poderia ser perdida e os profissionais poderiam ter problemas, uma vez que a ESF de São Sebastião não possui estrutura para atender emergências.”, consta no release.

Ainda no release, consta uma citação de Jorge Vianna, em que afirma ter, nesse mês, alertado para o perigo de casos de óbitos em decorrência da falta de “materiais e carrinhos de paradas para essas eventualidades”. O sindicalista alerta, inclusive, para o fato que a morte poderia ser evitada.

“Ainda este mês nós estivemos na região leste e alertamos que poderiam acontecer óbitos por conta de uma assistência precária. Nós entendemos que para colocar os trabalhadores para atender, a Secretaria de Saúde deve dar o mínimo para que uma assistência digna seja prestada. É necessário que haja materiais e carrinho de paradas para essas eventualidades. Infelizmente a gente sabe que após a administração de uma medicação, o paciente pode ter um choque anafilático ou uma parada cardíaca, e morrer e foi o que aconteceu. Mas, o que mais dói, é saber que essa morte poderia ter sido evitada se a ESF oferecesse estrutura”, declarou o vice-presidente do Sindate-DF, Jorge Vianna, no release.

Após a veiculação da entrevista do DFTV, procurado por PD, Vianna desabafou e reafirmou a estrutura inadequada para fazer atendimentos, em casos que podem evoluir de quadros simples para complexos.

“É incrível, que estão comprando a versão do governo, de uma tentativa corporativa do Sindicato se opor ao Programa Saúde da Família, que é sim mal executado, que tem uma cobertura pífia, que está tirando médicos especialistas das unidades de saúde e transferindo para atender como médicos generalistas como outros sindicatos e a própria imprensa têm denunciado e, ignorando completamente a morte dessa senhora. Por mais que ela tivesse problema, e é preciso afirmar que em nenhum momento dissemos que no caso dela não havia médicos no local, não tenho dúvidas que se ele estivesse em uma unidade com estrutura apropriada que, possivelmente a senhora, dona Edivina, esse é o nome dela, talvez ela estaria viva. E o mais interessante é que ninguém, quando mencionamos que já tínhamos ido à unidade e denunciado o caso, parece ter olhado as matérias publicadas pelo Sindicato, como vocês do Política Distrital fizeram para ver que havíamos feito essa denúncia no dia 15 desse mês. Está lá, bem claro na matéria que publicamos, inclusive com escalas escritas à mão.”, disse Vianna.

A referencia do Sindicalista ocorre em decorrência da publicação de matéria, por PD, intitulada ‘Morte de Paciente após ser medicada por Benzetacil coloca em xeque Programa Saúde da Família da Secretaria de Saúde?’, em que o blog mencionou a matéria publicada pelo SINDATE-DF (15/nov), sob o título: ‘São Sebastião: Equipes do programa saúde da família estão montadas, mas não fazem cadastro da população’.

“Além disso, a sala de medicação virou sala de observação com apenas um profissional de nível médio sendo responsável, sem supervisão. As escalas estão sendo improvisadas, e a maior reclamação dos servidores é chegar na unidade sem saber o que vai fazer porque as atividades não estão definidas, o que segundo eles, acaba prejudicando o atendimento à população pela falta de continuidade no atendimento.”, consta na matéria publicada pelo Sindicato naquela ocasião.

Vale observar que, no que tange à Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), ao apurar o caso, PD indagou tão somente se a Pasta reconhecia o óbito e se na unidade havia equipe preparada para realizar tais procedimentos. Isso porque o blog recebeu pedido de ajuda, sobre o problema, por meio de um jornalista um grande veículo do DF que queria dados da unidade e o contato de alguém da família, o que foi fornecido posteriormente.

 

Porém, a SES-DF, no parecer sobre o caso encaminhou posicionamento já em referência à “tentativa de desinformação movida por interesses corporativos contra a adoção de um modelo de atendimento na Atenção Primária”, o que em primeiro momento pareceu ser uma posição ‘atípica’ ao questionado, porém, PD levou em consideração que poderia se tratar de ‘resposta padrão’ à questionamento comum, visto que outros veículos estavam apurando o caso.

 

Vale ressaltar ainda que PD chegou a fazer contato com Gabriel, filho de dona Edivina, em que tentou confirmar a versão da SES-DF, porém, como mencionado em matéria publicada pelo Blog, não houve retorno. O que foi entendido como mera impossibilidade seja emocional ou de outra natureza, dado o falecimento da mãe em tais circunstâncias.

PD teve acesso a vídeo da sonora gravada por Jorge Vianna no DFTV na sexta-feira (1o/Dez) ao DFTV, na íntegra. Por se tratar de uma longa entrevista, o blog recebeu vários ‘pedaços’ por meio do aplicativo Whatsapp e fez edição, apenas para o deixar na íntegra, sem cortes de partes.

Confira o vídeo

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