Por Kleber Karpov
Em entrevista ao DFTV 1a Edição da Rede Globo, o Secretário de Segurança Pública do DF (SSP-DF), Sandro Avelar, comentou neste sábado (18/Jan), o caso do delegado da 30ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), de São Sebastião, Mikhail Rocha e Menezes, de 46 anos, que efetuou disparos contra a esposa, a empregada da família na residência e posteriormente, uma enfermeira do Hospital Brasília.
Durante a entrevista, questionado sobre a não retirada do porte de arma, durante o período de atestado médico, o que Avelar explicou haver uma alta dificuldade, em decorrência do volume, de se identificar os casos em que policiais que apresentam atestados médicos em clínicas particulares, homologados na Policlínica, unidade de saúde que atende os policiais militares do DF.
Avelar lembrou ainda que no episódio que envolveu Menezes, pois quando adentrou o Hospital Brasília estava com duas armas em punho, caso esse confirmado pela Polícia Militar que apreendeu dos revólveres com o delegado no momento da prisão.
Corporativismo
Questionado sobre uma eventual proteção ao delegado, que teve prisão preventiva mantida durante audiência de custódia, Avelar ponderou que Menezes sequer esteve presente no trâmite da Justiça em decorrência do laudo de médico do Hospital de Base do DF (HBDF), portanto, sem ligação com a Segurança Pública, que afirmou que o policial não tinha condição do detido.
“Ele estava em surto a ponto de o médico, ou seja, não tem nada haver com a instituição Polícia Civil, o médico do Hospital de Base ao recebê-lo falou: – ele não tem condições sequer de ser ouvido pelo judiciário. Então é uma situação de surto, excepcional que a gente lamenta muitíssimo e estamos preocupadíssimo com as vítimas. Acho que nesse momento é a nossa grande preocupação, mas não é uma situação simples de resolver.”
Empenho
Avelar também questionado sobre posição do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), que aponta um alto índice de comprometimento do efetivo da PCDF, em decorrência do comprometimento da saúde mental. O Secretário lembrou que há uma preocupação constante por parte da Secretaria e do governo, além de citar uma série de medidas adotadas, para tentar reduzir a incidência de comprometimento psicológico aos policiais do DF.
“Aqui no DF, nós estamos preocupados e estamos tentando melhorar a cada dia. A gente tem investido na saúde dos policiais, temos preocupados com isso. Temos projetos, inclusive, como, por exemplo, o Ressignificar, um projeto recente, onde a gente obriga a todos os servidores da segurança pública e do Distrito Federal a fazerem um curso, para que eles aprendam a lidar com as questões de violência doméstica.“, disse Avelar.
O Secretário lembrou ainda a contratação recente de médicos, além de ponderar para a necessidade de promover integração das iniciativas da SSP-DF com outras esferas do governo, a exemplo da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). “A gente quer ser exemplo também, quer ser pioneiro nisso e inspirar o resto do país. Então, a gente leva isso muito, muito a sério. Nós estamos tentando melhorar as nossas condições de atendimento médico dentro das corporações, com o aumento do número de profissionais de saúde, sobretudo, saúde psiquiátrica.”, completou Avelar.
Serviço Voluntário Gratificado
Outro ponto chave abordado por Avelar, alvo de críticas do Sinpol-DF, foi o Serviço Voluntário Gratificado (SVG) aos profissionais de Segurança Público. O Sindicato havia apontado, em nota publicada na sexta-feira (17/Jan), a SVG como um agravante a condição de saúde mental, em decorrência da defasagem salarial dos policiais.
Avelar por sua vez, pontuou que muitos profissionais da Segurança Pública omitem terem ou estar a passar por problemas que envolvam a saúde mental, por saberem se tratar de um fator eliminatório na adesão ao SVG. “Há complexidades. Há por exemplo, situações onde o policial está se sentindo deprimido, ou tem indícios de depressão mas ele não procura, muitas vezes, o médico, porque depende do serviço voluntário para fortalecer seu salário e caso ele seja afastado em virtude do problema depressão e tem então a perda salarial que ele tenta evitar”, concluiu Avelar.

Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.