Por Kleber Karpov
O ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, formalizou filiação ao Partido Social Democrático (PSD), na noite desta segunda-feira (15/Dez), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O evento contou com o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, além de reunir líderes nacionais da legenda e apoiadores locais. A aposta de Kassab ocorre mesmo em meio a inelegibilidade mantida por parte do Superior Tribunal de Justiça (STJ), cuja situação depende de um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Ficha Limpa e a alta rejeição de Arruda, recentemente indicada em pesquisas eleitorais, além do custo político da perda de lideranças locais.
Por um lado, a filiação de Arruda marcou pela presença de caciques do PSD, nas figuras de Kassab e nomes do meio político e, até agradecimento a representante do presidente do PSD, Carlos Lupi. Por outro, também ficou óbvio a total dissonância com a conjuntura distrital da agremiação partidária com ausência do presidente da legenda Paulo Octávio, e dos deputados distritais Robério Negreiros e Jorge Vianna.
Apostas nacionais de Kassab
A filiação de Arruda foi uma inciativa estratégica liderada por Kassab, também secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, na gestão de Tarcísio Freitas (PL/SP). E, nos bastidores, há quem aposte que o político pode ter sido levado a crer em um peso do PSD local com Arruda a frente da legenda, por conta de apoio incondicional do deputado federal Alberto Fraga e do senador Izalci Lucas, ambos filiados ao PL. E de uma possível adesão da deputada federal, Bia Kicis que vislumbra escalar na política em uma eventual disputa ao Senado Federal, o que a obrigaria a entrar em confronto com a atual composição de acordos políticos.
Por sua vez, Kassab também aposta a coalizões mais amplas, a exemplo de coligações que podem ocorrer, entre o PSD e o PT, nos estados do Maranhão, Bahia, Pernambuco e Piauí. O que, aos bastidores políticos, indica haver um o risco calculado de Kassab em não apostar apenas em eventual vitória de Arruda, em coligações locais com o Avante e PRD, presididos por Gim Argello e Lucas Kantoyanis. Mas, sobretudo na tentativa de obter capital político com a divisão da direita no DF, até então com ampla vantagem, segundo pesquisas eleitorais, ao grupo político do atual governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) e a vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressitas), atualmente composto com o próprio PSD, Republicanos, PL e outras agremiações.
Conforme aponta os bastidores políticos, com a divisão da direita, em nome de um possível ‘ganha-ganha’, Kassab que atua para manter influência sobre as decisões políticas de SP, maior reduto político do país, se dispôs a jogar por terra todo o alinhamento político distrital, em nome de uma aposta, para além da manutenção da inelegibilidade de Arruda, de tentar criar uma eventual possibilidade de levar a esquerda do DF ao segundo turno nas disputas eleitorais no DF. Situação essa, no cenário atual, praticamente impossível dado os últimos resultados de pesquisas de opinião, onde Leandro Grass figurou entre 13% e 16% e Ricardo Capelli entre 6% e 7% das intenções de votos. Dessa forma, DF à parte, o líder nacional do PSD, manteria influência política, seja com uma eventual vitória de Arruda, ou com o êxito de uma disputa eleitoral dentre direita e esquerda nas disputas finais das eleições.
Coalisão distrital, no lixo
Nessa aposta, onde o único ganhador certo é Kassab, fica contrariado o alinhamento da ala distrital do PSD com a base governista do Distrito Federal. A legenda local com participação na gestão de Rocha, ficou à mercê de uma cisão na sigla.
Da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Negreiros, anunciou negociação com outros partidos e está em negociação avançada com o Podemos. O atual líder da maioria, na CLDF, Jorge Vianna, estuda a melhor forma de desembarcar do PSD.
Reflexos da realidade
Vale ressaltar, a realidade imposta ao PL com a prisão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), e eventuais rachas e divergências na condução do partido, evidenciadas pela ex-primeira dama, Michele Bolsonaro, os filhos: Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro, além do presidente da Legenda, Valdemar Costa Neto, no que tange a candidaturas e apoios a serem formalizados. Tais cenários, em uma eventual disputa de Bia Kicis ao Senado, pode implicar em a deputada ficar sem mandato em 2027. Tais fatores podem reduzir a força de arranque esperada por Kassab, para o DF e ganha-ganha’ se tornar um grande ‘perde tudo”.
Importante ressaltar o reflexo da gestão mantida por Rocha e Celina Leão em que recortes de pesquisas de opinião colocam a Leoa com ampla vantagem em variação entre 40% e 50% das intenções de votos, e o governo de Rocha com avaliação de 63% entre ótima e boa.
A mesma pesquisa indica Arruda com apenas 21% das intenções de voto, a figurar em destaque com 53% de rejeição, ou seja, mais de 50% da população do DF não está disposta a dar uma terceira ou quarta chance ao ex-governador.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.











