Por Kleber Karpov
A Polícia Federal (PF) prendeu o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), na manhã de terça-feira (16/Dez) no Rio de Janeiro. A prisão preventiva ocorreu no âmbito da Operação Unha e Carne 2, que investiga o vazamento de informações sigilosas sobre a Operação Zargun. O magistrado é relator do processo contra o ex-deputado Thiego Raimundo de Oliveira Santos, o TH Joias, e as ações foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O desembargador Júdice Neto está detido na superintendência da PF no Rio de Janeiro. A Operação Unha e Carne 2 cumpre dez mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. As ações se inserem na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635/RJ (ADPF das Favelas). O processo determina investigações sobre a atuação de grupos criminosos e suas conexões com agentes públicos.
A PF identificou uma estreita relação de amizade entre Macário Ramos Júdice Neto e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar. A polícia acredita que Neto vazou informações sigilosas para Bacellar sobre a operação que levou à prisão de TH Joias. O desembargador era relator dessa ação judicial.
As mensagens interceptadas no celular de Bacellar mostram que os dois se chamam de “irmão” em diversos momentos. As conversas revelam ainda um alto grau de intimidade, incluindo pedidos de ingressos para jogo de futebol.
A investigação também revelou que a esposa do desembargador assumiu um cargo em comissão na Alerj. A nomeação se deu por indicação direta do ex-presidente da Casa legislativa.
Os investigadores acreditam que os dois se encontraram em uma churrascaria na noite de 2 de setembro. Este encontro ocorreu imediatamente antes da prisão de TH Joias. A PF argumenta que os dois estavam juntos quando Bacellar deve ter alertado o ex-deputado sobre a operação.
Alegações da defesa e antecedentes
A defesa do desembargador alega que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi “induzido a erro ao determinar a medida extrema”. O advogado Fernando Augusto Fernandes assinou o comunicado. O texto afirma que não houve disponibilização de cópia da decisão que decretou a prisão de Júdice Neto. O defensor alega que isto obstar o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa.
“É preciso investigar a quem interessa o afastamento do desembargador que determinou prisões no Rio de Janeiro e a criação de versões mentirosas que levaram aos fatos de hoje. Todos os alvos de sua decisão como desembargador estão presos”, disse a nota da defesa.
A Operação Zargun teve como alvo principal o então deputado estadual TH Joias em setembro. Ele é acusado de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), o que inclui a intermediação de compra e venda de armas.
No início de dezembro, Bacellar foi preso. O STF determinou a prisão com base em mensagens interceptadas no telefone de TH Joias. O ex-presidente da Alerj é acusado de ter repassado informações e auxiliado na ocultação de provas. A Alerj revogou a prisão e, no dia seguinte, Bacellar solicitou licença do cargo.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










