Por Kleber Karpov
A expectativa do mercado financeiro para o início de um novo ciclo de queda da taxa Selic foi adiada para o primeiro trimestre de 2026, com uma projeção de forte desaceleração na concessão de crédito já no segundo semestre de 2025. É o que aponta a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), realizada com 21 instituições financeiras entre 23 e 29 de setembro.
O levantamento, que consolida a visão de 85,7% dos bancos ouvidos, projeta um corte inicial de 0,25 ponto percentual nos juros em janeiro de 2026, seguido por quedas de 0,50 ponto nas reuniões posteriores, levando a Selic a 13,75% em abril daquele ano. A pesquisa também revela um aumento da percepção de risco para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e mantém a inadimplência como um ponto de atenção.
Crédito em duas velocidades
A projeção para a expansão da carteira total de crédito em 2025 foi mantida em 8,7%, mas a pesquisa evidencia uma crescente divergência entre as modalidades. Enquanto o crédito direcionado, impulsionado por programas governamentais, deve crescer 9,8%, a carteira com recursos livres, mais sensível aos juros altos, teve sua projeção de crescimento reduzida de 8,1% para 8,0%.
“Enquanto a primeira [carteira com recursos direcionados] segue com alto crescimento, impulsionada pelos programas governamentais para as empresas, com chances reais de fechar o ano novamente com alta de dois dígitos; a segunda vai mostrando de forma mais nítida os efeitos da política monetária contracionista”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. “De toda forma, as projeções consolidam a perspectiva de alguma acomodação do crédito neste segundo semestre”, complementa.
Inadimplência no radar
A trajetória da inadimplência continua a ser um fator de preocupação para as instituições financeiras. A projeção do indicador para a carteira com recursos livres em 2025 subiu de 5,0% para 5,1%. Além disso, 60% dos analistas consultados esperam que a inadimplência das famílias mantenha uma tendência de alta moderada nos próximos meses, embora com impacto limitado sobre a oferta de crédito. Para 2026, a projeção mostra uma leve melhora, recuando para 4,9%.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










