Por Kleber Karpov
Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou, nesta terça-feira (09/Set), no Guará, a primeira biofábrica de mosquitos wolbitos, criados com a bactéria Wolbachia para impedir o desenvolvimento de vírus como dengue, zika e chikungunya. A iniciativa, parte de um investimento de R$ 400 mil, visa reduzir as taxas de transmissão dessas doenças na população por meio da liberação controlada desses mosquitos.
Tecnologia segura
As primeiras liberações do wolbito já começaram, com a previsão de que, no início do período chuvoso, os mosquitos com a Wolbachia comecem a reduzir a população de Aedes aegypti transmissores. O processo não envolve qualquer alteração genética e a bactéria Wolbachia não é transmitida para seres humanos ou mamíferos, como cães e gatos.
Segundo o secretário de Saúde, Juracy Lacerda, a nova unidade fortalece a capacidade do DF de enfrentar epidemias recorrentes. “O procedimento é totalmente seguro. Trata-se de um processo autossustentável, que também evita o uso de produtos químicos, como venenos, no combate à dengue. É importante ressaltar que esta tecnologia já é empregada em alguns países e em diversos estados e cidades do Brasil, com estudos que demonstram uma redução de até 70% na incidência de dengue. Estamos equipando nossas equipes, inclusive com ferramentas de monitoramento de focos do mosquito. Essa é mais uma estratégia em que estamos usando a tecnologia em benefício da população”, explicou.

Estratégia nacional
Presente na solenidade, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a iniciativa do DF integra uma estratégia nacional de combate às arboviroses. “Temos dados dos projetos pilotos anteriores com redução de 69% dos casos de dengue depois do uso dessa tecnologia. Vamos começar aqui no DF e no Entorno. A primeira leva de distribuição será em regiões específicas, impactando aproximadamente 700 mil pessoas. É muito importante que todas as ações já conhecidas continuem no cuidado em casa, na rua onde mora, nas igrejas e mobilizando as comunidades. Teremos ainda um Dia D nacional de mobilização para chamar a atenção da população para não abaixar a guarda no controle da dengue nesse momento”, acrescentou.
O projeto prevê a distribuição dos mosquitos em dez regiões administrativas do DF – Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã – além dos municípios goianos de Luziânia e Valparaíso, áreas historicamente vulneráveis à dengue.
Como funciona

O processo funciona de forma semelhante a uma linha de produção. Os ovos dos “mosquitos amigos” (wolbitos) chegam encapsulados de Curitiba (PR) e são colocados em potes com água e alimento em ambiente controlado. Após atingirem a fase adulta, entre sete e 14 dias, são transportados para soltura. Ao se reproduzirem com os mosquitos selvagens, os wolbitos transmitem a bactéria Wolbachia para as próximas gerações. Quando um macho infectado cruza com uma fêmea selvagem, não nascem filhotes, o que ajuda a substituir a população de insetos transmissores. A previsão é que mais de 600 milhões de mosquitos com a bactéria sejam produzidos somente em setembro.
A governadora em exercício Celina Leão defendeu a iniciativa como uma medida de prevenção inovadora. “Já temos 22 equipes nas ruas que iniciaram as liberações dos primeiros mosquitos nesta manhã. Há uma metodologia específica para a implementação, o que representa uma nova medida de prevenção. Ampliamos a capacidade operacional, com a contratação de mais pessoal e a adoção de novas tecnologias, e hoje inauguramos uma fábrica do Governo do Distrito Federal. A população do DF será a principal beneficiada. O nosso objetivo é um Distrito Federal livre da dengue”, finalizou.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










