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28 abr 2024 01:37


Lula impõe ‘momento fim da senzala’: Carrefour entende o recado e atua para combater racismo

Outros comércios devem seguir mesmo caminho sob risco de sanções de penalidades duras

Por Kleber Karpov

Dia 10 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mandou um ultimato à Rede Carrefour, após o caso da professora, Isabel Oliveira, ter ficado, em 7 de abril, apenas de roupas íntimas, dentro do Supermercado Atacadão, em Curitiba, no Paraná (SC), pertencente ao grupo. Isso, em protesto após ser perseguida por um funcionário durante meia hora, por ser negra, ao tentar comprar uma lata de leite em pó para a filha.

No dia seguinte (8/Abr), o artista Vinícius de Paula, marido da bicampeã olímpica de vôlei Fabiana Claudino, também, por meio das redes sociais, acusou de prática de racismo, outra unidade do Carrefour, em Alphaville, na região de Barueri, na Grande São Paulo (SP). Casos esses que indignaram o país e não passaram despercebidos pelo chefe do Executivo.

Lula criticou publicamente o Carrefour, ao que, naquela ocasião configurava ser um segundo caso de racismo ocorrido, dentro de supermercados pertencentes ao grupo. O chefe do Executivo foi categórico ao afirmar ser inadmissível tais práticas no Brasil. Declaração essa dada, durante reunião de cem dias do governo com ministros e líderes do Congresso, no Palácio do Planalto.

“O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra que ia fazer comprar achando que ela ia roubar. Ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que não ia roubar. É a segunda vez que o Carrefour faz isso. A gente tem que dizer para a direção do Carrefour se eles quiserem fazer isso no seu país de origem que faça. Mas nesse país aqui não vamos admitir o racismo que essa gente tenta impor ao Brasil”, disse Lula.

 

Reincidência

Neste sábado (06/Mai), casal identificado como Jamile e Jeremias, foram vítimas de uma série de agressões, praticadas por seguranças da loja do Carrefour, em Salvador (BA). Os agressores filmaram a ação, em que os cônjuges admitiram o furto de dois pacotes de leite em pó, por estar em dificuldade financeira e ter uma filha pequena para alimentar. Caso esse que viralizou nas redes sociais.

Resposta rápida

O caso desse sábado chamou atenção, não apenas pela rapidez, mas também pelas iniciativas por parte do Carrefour, em relação a agressão ao casal Jamile e Jeremias. Em um vídeo publicado, o grupo condenou as ações, ao que classificou de um “crime inaceitável”, que foi levado para investigação por parte das autoridades policiais. “Encerramos o contrato com a equipe de segurança da loja e estamos buscando contato com as vítimas para pedir desculpas”.

Condenação por morte

Em fevereiro desse ano, o grupo Carrefour foi condenado a destinar R$ 68 milhões para o pagamento de mais de 800 bolsas de estudo e permanência, para pessoas negras, em instituições de ensino superior, de todo Brasil. Do montante, R$ 20 milhões  para estudantes de graduação, R$ 30 milhões, a alunos de mestrado; R$ 10 milhões, aos de doutorado e R$ 8 milhões, em especialização. O estado do Rio Grande do Sul recebeu o maior número de bolsas, mais de 260, seguido por Minas Gerais, com 105, e Rio de Janeiro, com 96.

Condenação essa que ocorreu para reparar danos morais coletivos em decorrência da morte de João Alberto Silveira de Freitas, homem negro espancado em hospital da rede, em Porto Alegre, em 2020.

Mundanças de condutas

O caso de indenização por conta da morte de Freitas, os casos recentes da professora Isabel Oliveira e Vinícios de Paula e, em especial, o recado de Lula, dão o tom exado que o ‘momento senzala’, que o país passou a viver nos últimos anos, estão com os dias contados. E, que excessos cometidos em ambientes comerciais, a quem insistir em não atuar para coibir a prática de tais crimes, no interior dos estabelecimentos, podem sofrer sanções pesadas por parte da Justiça.

No caso do casal Jamile e Jeremias, o grupo Carrefour, ao agir prontamente, além de tomar as medidas adequadas, como demitir os responsáveis da loja, rescindir contrato com empresa e acionar a polícia para investigar o caso, demonstram que a empresa compreendeu a necessidade de dar outra abordagem ao problema.

Sob essa ótima, em uma breve passada no site institucional do grupo (Veja aqui), fica claro que mudanças de atitudes, já estão a acontecer, ao anunciarem programas e projetos que fomentam a promoção da equidade racial, através de ações que impactam clientes, colaboradores, fornecedores, empreendedores e as comunidades ao entorno. A empresa anunciou uma série de iniciativas, inclusive com promoção de curso de graduação com essa finalidade.

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