Por Kleber Karpov
O serviço de coleta seletiva porta a porta, coordenado pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) em 33 das 35 regiões administrativas, alcançou 90,3% da população urbana do Distrito Federal. O volume de materiais recicláveis recolhidos entre janeiro e setembro deste ano (01/Jan a 30/Set) totalizou 48,5 mil toneladas.
Este avanço expressivo é resultado da expansão contínua da iniciativa, que registrou um crescimento de 222% no volume processado em comparação com o ano de 2020. Dados do SLU indicam que, em 2024, o volume total de recicláveis coletados atingiu 58 mil toneladas.
Duas regiões administrativas ainda estão em processo de estudo para inclusão no cronograma porta a porta. São elas Sol Nascente/Pôr do Sol e Água Quente, que, no entanto, já são atendidas pelo modelo de pontos de entrega voluntária (PEVs).

A operação é financiada com recursos da Fonte 100 do Governo do Distrito Federal (GDF), que subsidia os contratos com as cooperativas. Além da receita oriunda da comercialização do material, os grupos recebem um pagamento por tonelada processada, o que assegura a sustentabilidade financeira da operação.
A diretora técnica do SLU, Andrea Almeida, explica que a totalidade do Distrito Federal já conta com alguma modalidade de recolhimento de resíduos. “Quando falamos em duas cidades que ainda não têm a coleta porta a porta, estamos falando de locais que já contam com pontos de entrega voluntária de material seletivo. Então, de alguma forma, todas as regiões administrativas do DF têm coleta seletiva disponível desde 2022”.

A responsabilidade compartilhada
A participação direta do cidadão é condição fundamental para o sucesso do programa de reciclagem. Andrea Almeida, diretora técnica do SLU, enfatiza que a responsabilidade é compartilhada e imposta por legislação federal.
“A responsabilidade é compartilhada. O governo oferece a estrutura, mas o morador precisa separar corretamente o lixo e colocar o reciclável no dia e horário certos. A coleta seletiva não é facultativa; é uma obrigação prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos”, alerta Andrea Almeida, em referência à lei.
Conforme os dados do SLU, cerca de 9,2% de todo o lixo coletado no ano de 2024 é composto por materiais recicláveis. O índice é superior ao percentual de 8% registrado em 2024. A estimativa do Serviço de Limpeza Urbana é de que o Distrito Federal finalize o ano de 2025 com 10% de todo o material recolhido sendo destinado à reciclagem.
O trabalho de recuperação do material é feito em Instalações de Recuperação de Recicláveis (IRR), com o envolvimento de 22 cooperativas parceiras. Andrea Almeida aponta ainda o impacto social da iniciativa. “Além do benefício ambiental, a coleta seletiva gera trabalho, renda e oportunidades, especialmente para mulheres, que representam quase 70% dos catadores”, destaca a diretora técnica do SLU.
Avanço das cooperativas

No galpão da Cooperativa Cortrap, no Setor Complementar de Indústria e Abastecimento, o material é separado, enfardado e vendido para as empresas. O volume de material que passa pela triagem aumentou nos últimos anos.
O diretor-presidente da Cortrap, Janilson Santana Andrade, lembra que a organização do setor acompanhou a expansão do sistema público de reciclagem no Distrito Federal:
“Quando começamos, ainda existiam os carroceiros e poucas estruturas organizadas. Hoje temos galpões, esteiras e contratos dsestáveis com o SLU, o que trouxe mais dignidade e segurança para quem vive desse trabalho”, comemora Janilson Santana Andrade, em menção à formalização.
Apesar dos avanços na cobertura e no volume recolhido, o desafio da conscientização da população ainda se manifesta. Andrade aponta que a separação incorreta dos resíduos impacta diretamente a segurança e a produtividade dos trabalhadores.
“Ainda chegam muitos materiais contaminados com restos de comida, vidro ou até seringas. Isso causa acidentes e dificulta o trabalho. Pedimos que o cidadão tenha mais cuidado — lave as embalagens, separe corretamente e evite colocar vidro solto nos sacos”, solicitou Andrade.
Andrea Almeida reconhece que a segregação na origem é um dos principais gargalos operacionais. O trabalho de conscientização permanente, por meio de ações em escolas, órgãos públicos e mídias, visa solidificar o hábito da separação correta.
Em complementação à coleta seletiva, o SLU também opera duas Usinas de Tratamento Mecânico Biológico (UTMBs), que fazem a triagem de parte do lixo convencional. Mais de 40% do material convencional passa pelas UTMBs, onde resíduos orgânicos são convertidos em composto.
Tecnologia para o descarte correto
A destinação do composto orgânico beneficia pequenos produtores rurais. De acordo com a diretora Andrea Almeida, o produto permite aos agricultores reduzir o uso de adubo químico, o que agrega valor à produção local.
Para auxiliar o público na logística do descarte, o SLU disponibiliza o aplicativo Coleta DF. A ferramenta informa os dias e horários das coletas, além de orientar sobre a separação de resíduos e a localização dos pontos de entrega voluntária, estando disponível para os sistemas Android e iOS.
Coleta seletiva no Distrito Federal
→ Cobertura atual
· 33 das 35 regiões administrativas contam com coleta seletiva porta a porta
· 90,3% da população urbana do DF é atendida pelo serviço
· Sol Nascente/Pôr do Sol e Água Quente estão em fase de estudo para implantação
→ Resultados recentes
· 58 mil toneladas de recicláveis processadas em 2024
· Crescimento de 222% no volume de materiais desde 2020
· 48,5 mil toneladas recolhidas entre janeiro e setembro de 2025
→ Estrutura do sistema
· Operação coordenada pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU)
· Coleta realizada por caminhões próprios e cooperativas parceiras
· Triagem em galpões licenciados, com atuação de 22 cooperativas
· Materiais recicláveis são vendidos à Capital Recicláveis e a outras empresas compradoras
· Rejeitos e resíduos orgânicos são destinados ao Aterro Sanitário de Brasília
Próximos passos
· Expansão da coleta seletiva para todas as regiões urbanas do DF
· Campanhas contínuas de conscientização sobre separação correta dos resíduos
· Aperfeiçoamento da logística e integração com as cooperativas
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/ Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.










