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24 abr 2024 23:26


Cofen e Coren-DF devem acionar, judicialmente, agressores de profissionais de Enfermagem no DF

No dia do trabalhador, bolsonaristas agrediram verbal e fisicamente profissionais de Enfermagem que protestavam em silêncio, em memória dos 55 óbitos, na categoria, vítimas da Covid-19

Por Kleber Karpov

Os conselhos Federal de Enfermagem (COFEN) e Regional de Enfermagem do DF (COREN-DF), devem acionar judicialmente, os agressores dos profissionais da Enfermagem que protestavam, na Praça dos Três Poderes. Na manhã de sexta-feira (1o/mai), em que se comemora o Dia do Trabalhador, enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem, realizavam um ato, silencioso, com respeito as regras de distanciamento social. O ato foi um protesto em memória dos 55 profissionais da enfermagem, mortos na linha de frente no combate a pandemia do coronavírus (Covid-19).

O COFEN anunciou, na sexta-feira (1o/Mai), que deve realizar representação no Ministério Público Federal (MPF), contra os agressores dos profissionais de Enfermagem. Para o presidente do Conselho, Manoel Neri, permitir tais atos de violência e intimidação, são inadmissíveis.

“Não permitiremos que o ódio irracional e a violência gratuita intimidem aqueles que, enfrentando seus próprios receios, se colocam na linha de frente do enfrentamento à pandemia de COVID-19. Não há espaço, na Democracia, para este tipo de ataque. A ciência e o espírito de solidariedade social prevalecerão”.

O Coren-DF, por sua vez, publicou Nota Oficial, na mesma data, para informar, ter identificado, além de acionar judicialmente, três agressores por agressões verbais e físicas, aos profissionais de enfermagem, durante o ato em frente ao Palácio do Planalto.

“O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) juntou todo o material probatório, identificou os agressores e vai processar cada um deles, pelos atos que praticaram hoje. A ignorância e a violência perpetrada contra a Enfermagem do Distrito Federal, em pleno Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, não ficará impune, será respondida judicialmente, para que não mais se repita.”.

Um dos agressores identificados, chamou os profissionais de Enfermagem, de “analfabetos funcionais”, “covardes” e “sem vergonha”. Em vídeo do agressor, publicado no microblog Twitter, o agressor se auto-afirma evangélico, condena o Supremo Tribunal Federal (STF), além de conclamar a intervenção militar no país.

Confira a Nota  

NOTA OFICIAL

Na manhã de hoje, 60 profissionais da Enfermagem se reuniam na Praça dos 3 Poderes, respeitando todas as regras de distanciamento social, para realizar um protesto em memória dos 55 enfermeiros, técnicos e auxiliares que já perderam a vida na linha de frente do combate ao coronavírus.

A manifestação seguia pacífica, até que um senhor e uma senhora, que são contra o isolamento social e consideram a pandemia da Covid019 uma invenção da mídia, partiram aos gritos para agressões físicas e verbais contra enfermeiras que participavam do ato. Uma das enfermeiras, que protestava silenciosamente e não reagiu, foi tomada violentamente pelos braços pelo agressor.  

Como se não bastasse, um terceiro elemento do grupo de agressores fez um vídeo e publicou nas redes sociais, dizendo que o protesto era fake news, que moradores de rua haviam sido abordados e convencidos a usar jalecos brancos, para se passar por médicos. Depois de ultrapassar 20 mil visualizações, o vídeo foi apagado.

O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) juntou todo o material probatório, identificou os agressores e vai processar cada um deles, pelos atos que praticaram hoje. A ignorância e a violência perpetrada contra a Enfermagem do Distrito Federal, em pleno Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, não ficará impune, será respondida judicialmente, para que não mais se repita.

Lamentavelmente, esse episódio retrata a triste realidade de milhares de profissionais da Enfermagem, que trabalham para salvar vidas e sofrem violência nos hospitais do país, caladas e calados, sem chance de se defender.

Repercussão

Profissionais de Enfermagem em protesto na Praça dos Três Poderes – Foto: Sindate-DF

O diretor do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), Newton Batista, classificou as agressões aos profissionais, como inadmissível. “Não é possível se admitir que pessoas, por suas convicções políticas, cerceiem o direito dos profissionais de enfermagem de se manifestar. Principalmente, porque os técnicos e auxiliares de enfermagem e os enfermeiros estavam, em um ato pacífico, sem aglomeração, respeitando o distanciamento social e, em silêncio, em memória dos profissionais que perderam a vida na pandemia do coronavírus.”.

Deputado Distrital Jorge Vianna (Podemos) – Foto: WIlter Moreira

O deputado distrital, Jorge Vianna (PODEMOS), egresso da enfermagem, que já havia publicado Nota de Repúdio em relação as agressões, em entrevista a Rádio Cerrado no Programa Na Trilha da Verdade com João de Deus (2/Mai), classificou como “um ato de intolerância”, o “vexame”, dos agressores que deve reverberar internacionalmente.

“Duas pessoas fizeram essa vergonha, esse vexame nacional. Tanto  aqui em Brasília, como o vexame de usar uma camisa de verde e amarelo, que é a camisa do nosso país. Esse vídeo vai reverberar no mundo inteiro, como um ato de intolerância, Porque quando você não tem argumento, capacidade de conversar, você parte para a agressão. Agora agredir mulheres, caladas, em silêncio. Porque a enfermagem sofreu calada a vida toda, e até hoje sofre. Se não fosse nós representantes da saúde, seja sindicato, deputado que possa usar o microfone para dizer a dor que estamos sentidos, eles sofreriam calados até hoje”, disse Vianna.

O deputado, que preside a Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa do DF (CLDF), lembrou que, somente entre os profissionais de enfermagem, mais de 60 pessoas morreram. Sobretudo por falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), ao se referir a pandemia da Covid-19.

 

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