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19 abr 2024 14:00


Áudios sobre suposta propina no GDF repercutem em exonerações

Valdecir Medeiros e Caio Barbieri aparecem em gravação de sindicalista. Delegado que propôs força-tarefa para ajudar CPI também perdeu cargo.

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Envolvidos nos áudios sobre suposta cobrança de propina no governo do Distrito Federal, o ouvidor da Vice-Governadoria, Valdecir Marques de Medeiros, e o chefe da assessoria de comunicação da Secretaria de Turismo, Caio Barbieri, foram exonerados nesta segunda-feira (25). O delegado Rafael Sampaio, que propôs a criação de uma força-tarefa voluntária para ajudar nas investigações da CPI da Saúde, também deixou o cargo que ocupava na Secretaria de Segurança.

Uma das gravações feitas pela presidente do Sindicato dos Servidores na Saúde do Distrito Federal (SindSaúde), Marli Rodrigues, com o vice-governador, Renato Santana, foi na casa de Medeiros. No áudio, ela pergunta se o vice tem conhecimento de um suposto esquema de pagamento de propinas de 30% na saúde.

O governo do DF informou que Medeiros foi exonerado por conta das denúncias da própria sindicalista, que relatou um esquema de extorsão por parte de servidores para liberar contribuições sindicais. Na gravação, Marli diz que Medeiros faria gestões para impedir que o sindicato continuasse a receber os recursos. O caso é objeto de uma investigação da Polícia Civil. O G1 não conseguiu localizar Medeiros, que também é funcionário do SindSaúde.

No caso de Barbieri, a publicação no Diário Oficial diz que a exoneração foi feita a pedido dele, o que ele nega. Barbieri foi chamado a depor na CPI da Saúde, que está em funcionamento na Câmara Legislativa, por participar de áudios gravados por Marli.

A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, antes de início de depoimento à CPI da Câmara Legislativa que apura supostas irregularidades na Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Foto: Gabriel Luiz/G1)
A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, antes de início de depoimento à CPI da Câmara Legislativa que apura supostas irregularidades na Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Foto: Gabriel Luiz/G1)

“Fiz o que qualquer cidadão deve fazer: soube de denúncias de possíveis irregularidades e levei aos órgãos competentes. Cumpri o meu papel. Sempre me encarei como um servidor de Estado, não de governos”, disse Barbieri em nota.

Barbieri também negou estar envolvido nas denúncias. Ele disse que aparece nas gravações de Marli por fazer perguntas aos grampeados sobre o suposto esquema a fim de cobrar providências do governo. Alegando não ver iniciativa do GDF em investigar o caso, ele afirmou ter procurado o Ministério Público.

O delegado Sampaio afirmou esperar que sua saída não tenha ocorrido em retalização por ele ter proposto a criação de uma força-tarefa com cerca de 15 delegados para ajudar a CPI da Saúde a apurar supostas irregularidades na pasta.

“Eu espero sinceramente que não [seja retaliação]”, disse.  “Eu me coloquei em uma situação que inviabiliza estar em exercício do cargo comissionado. Já iria pedir exoneração de toda forma. Não faz sentido estar em um cargo comissionado no governo estando em um embate político com o governo.”

Para o presidente da CPI, Wellington Luiz (PMDB), a ajuda dos delegados “será bem-vinda”. “Será de muita valia porque ajudará muito na análise com a expertise que eles têm”, afirmou o deputado.

Depoimento à CPI
Na última quinta, a presidente do SindSaúde entregou à CPI da Saúde um “organograma” manuscrito e um DVD com gravações que ela diz comprovarem um suposto esquema de propina na pasta. O conteúdo das gravações não foi revelado.

Questionada pelo deputado Reginaldo Veras (PDT), Marli disse que o ex-subsecretário de Infraestrutura e Logística da Secretaria de Saúde Marcos Júnior fez o documento enquanto explicava a ela as supostas irregularidades na pasta. Ela afirmou que ficou com o documento depois da conversa, que ocorreu em maio.

Manuscrito entregue nesta quinta-feira (21) pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, à CPI que investiga supostas irregularidades na pasta do Distrito Federal (Foto: SindSaúde/Reprodução)
Manuscrito entregue nesta quinta-feira (21) pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, à CPI que investiga supostas irregularidades na pasta do Distrito Federal (Foto: Reprodução)

Em conversas com o vice-governador e com o ex-secretário de Saúde Fábio Gondim, Marli diz saber de um suposto esquema de pagamento de 30% de propina na Secretaria de Saúde. Na gravação, ela questiona o vice se ele tem conhecimento das supostas irregularidades. Santana nega, mas diz saber de propinas de 10% na Secretaria de Fazenda.

Depois do vazamento das conversas, o governador Rodrigo Rollemberg determinou à polícia e à Corregedoria do GDF a abertura de investigações. O governador disse que já havia pedido apuração da Secretaria de Fazenda quando Santana relatou a ele, há cerca de três meses, a suposta cobrança de propina na pasta, mas que nada havia sido confirmado na época. Rollemberg já havia classificado as gravações como “chulas e levianas”.

Marli também citou o subsecretário de Logística e Infraestrutura da Secretaria de Saúde, Marcello Nóbrega, como envolvido em supostas irregularidades, mas não disse que desvios ele teria cometido.

Por meio de nota, Nóbrega disse que são “falaciosas e inverídicas” as acusações e que tomaria “medidas legais cabíveis, requerendo a abertura de processo criminal por denunciação caluniosa” contra Marli.

Apesar de não detalhar as supostas irregularidades apontadas nas gravações, Marli relatou à CPI desvios na compra de kits contra a dengue por R$ 55 cada, quando o preço médio de mercado, segundo ela, varia de R$ 8 a R$ 22. A Secretaria de Saúde confirmou a compra dos kits na gestão passada pelo valor de R$ 55, mas informou que no atual governo foram comprados kits por R$ 8 e R$ 9.

O presidente da CPI, Welligton Luiz (PMDB), disse que ainda não existem provas de irregularidades e que os deputados vão analisar indícios de fraudes. Ele explicou que a comissão vai apurar todos os documentos entregues por Marli.

Após a comissão, o governador disse que a sindicalista iria “pagar muito caro” pelas denúncias “difamatórias e caluniosas” sobre o suposto pagamento de propina no GDF.

Fonte: G1 DF

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