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18 abr 2024 02:08


CLDF: Dia do Orgulho Autista lembra desafio da inclusão

Por Denise Caputo

Celebrado em 18 de junho, o Dia do Orgulho Autista foi comemorado em sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta sexta-feira (17). A solenidade reuniu familiares, pessoas com autismo, educadores e militantes numa celebração cuja mensagem principal foi a da necessidade de inclusão. Implementação dos direitos previstos em leis e preparação das escolas estão entre os desafios.

O deputado Raimundo Ribeiro participou da abertura do evento representando o autor do requerimento da homenagem, deputado Robério Negreiros, ausente para tratar da saúde. Em mensagem, Negreiros destacou a importância de se ampliar o diálogo com o segmento, para conhecer suas demandas. “Essa data sintetiza a luta de muitas famílias, que precisam ter voz e ser ouvidas”, frisou.

Estudante de artes plásticas da Universidade de Brasília (UnB), Amanda Paschoal tem autismo e relatou dificuldades de inclusão na entidade. Ela contou que, apesar de ter direito a avaliações adequadas e com tempo diferenciado, nem todo professor assegura essas condições, enxergando-as como “favorecimento”. “As maiores barreiras não estão nas deficiências e, sim, na sociedade, que é excludente e aceita apenas um tipo neurológico”, pregou.

A estudante que quer ser professora para contemplar as potencialidades e diversidades em sala de aula – citou como “barreiras sociais” os métodos de ensino e as seleções para empregos. “Orgulho autista é importante. Não quero ser diferente, quero ser aceita como sou”, completou.

A secretária-executiva do Conselho da Pessoa com Deficiência e presidente da Comissão da Pessoa com Autismo da OAB/DF, Adriana Monteiro, é mãe de uma adolescente de 15 anos com autismo. Para ela, os pais de crianças com autismo têm de ter orgulho de seus filhos, independentemente do nível de autismo que tenham: “É preciso ter orgulho da forma como nasceram. Aceitemos e trabalhemos as suas individualidades”.

Desafios
Além de seu recado como mãe, Monteiro pontuou algumas ações urgentes em termos de política pública para o segmento. Entre eles está a criação de residências terapêuticas e de Centros-Dia de Referência para Pessoas com Deficiência no Distrito Federal. Ela ainda pediu a manutenção e o fortalecimento de centros de ensino especial. “Precisamos do apoio da CLDF para isso”, destacou.

Já Luiz Cláudio Megiorini, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa) e do Conselho de Educação do DF, lembrou que garantir direitos em lei é apenas o primeiro passo. “Fazer a lei sair do papel é tarefa hercúlea”, disse. Ele reconheceu os esforços de inclusão nas escolas públicas, mas fez duras críticas ao processo na rede de ensino particular: “As escolas privadas estão em débito, não atendem quem sai da média. Fazem de conta que estão fazendo inclusão”. Ele cobrou medidas por parte das escolas particulares, a exemplo de turmas menores, adaptações curriculares e capacitação dos educadores. “Vamos cobrar de todas as formas, inclusive por meio de ações judiciais”, adiantou.

A fundadora do Movimento Orgulho Autista Brasil (MOAB), Adriana Alves, elogiou o discurso de Megiorini. “O autismo precisa ser visto e respeitado, além de conhecido. As leis não podem ficar no papel. E precisamos lutar no dia a dia pelos direitos das pessoas com autismo. Isso depende de cada um de nós”, defendeu.

Reflexões
Adriana Alves fez questão de levantar a questão das pessoas idosas com autismo, ainda pouco lembrada no debate sobre inclusão. “O que tem para o autista na terceira idade fazer? Nada”, lamentou.

A estudante Amanda Paschoal apontou, ainda, outras minorias políticas pouco lembradas no debate, como a questão de mulheres e de negros, “já excluídos socialmente”. Para ela, o diagnóstico clínico de autismo, realizado por meio de psicólogos e psiquiatras, leva em conta questões de gênero, por exemplo.

Fonte: CLDF

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