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19 abr 2024 10:39


Aqui é local de ‘entulho de desocupados’ afirma diretora da Secretaria de Estado de Saúde do DF

Assédio moral foi praticado por diretora de setor que deveria amparar servidores

Por Kleber Karpov

Essa é uma das várias frases constrangedoras, supostamente foram ditas por parte da diretora do Centro Distrital de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), da Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS) da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Cláudia de Castro Magalhães. A denúncia parte de um grupo de servidores da Secretaria de Estado de Saúde do DF. O caso foi denunciado e aceito recentemente, por parte do Ministério Público do Trabalho e resultou em ação civil.

Uma servidora, que pede para não ser identificada, entregou ao Política Distrital uma cópia de um adendo à uma ata de uma reunião da Cerest-DF, realizada em 26 de novembro de 2015. De acordo com a trabalhadora, a diretoria que deveria priorizar a vigilância e promoção da Saúde do Trabalhador, virou palco de agressões desnecessárias.

Reunião de abusos

O adendo à Ata da sessão ordinária relata o que supostamente aconteceu durante a reunião e contou com a presença total de 20 pessoas, em tempos diferentes, foi um festival de agressões. De acordo com o documento, logo após a diretora, recém-empossada na função, iniciar a reunião foi iniciado também as intimidações após informar mudanças de metodologias por parte da Cerest-DF.

“6.1 Quem não quiser fazer ‘vigilância’ procurasse sair do Cerest-DF já que esse serviço terá como foco tão só na vigilância. 6.2. Usou ainda os seguintes termos: ‘a partir de agora procurem, todos, sentar a bundinha na cadeira para estudar, já não estou mais com paciência com todos vocês’.”

Em outro trecho do documento sugere perseguição por parte da Diretora aos servidores daquele setor. O documento relata que Claudia de Castro reclama de conversas dos mesmos em corredores e salas.

“[…] Não gostava e não gosta de conversas em corredores e nas salas onde trabalham os servidores, pois, no seu entender, todos estavam falando mal de sua pessoa e da forma como vem executando os trabalhos de gestão. Chegou até advertir, alguns servidores. 7. Que estava cansada de ouvir falar, por todos os cantos da SES-DF que o Cerest-DF é um ‘setor de entulho de preguiçosos e inúteis’, de ‘servidores que não trabalhavam’.”

Na ata consta também a substituição de uma gerente daquele setor em que Cláudia de Castro chegou a traçar um ‘perfil’ dos subalternos da nova gestora.

“Estava diante de uma creche cheia de crianças mimadas que não sabem o que estão fazendo aqui, e eu não aceitarei isso. Se quiserem ficar vai ser do meu jeito, queiram vocês ou não. Daqui pra frente vocês vão fazer inspeção em ambiente de trabalho, e se não quiserem peçam para sair. Como aqui dentro ninguém tem comprometimento com nada, não são competentes e não querem trabalhar, quero eu saibam que eu não aceitarei mais isto e que todos a apartir de agora terão de sentar a bundinha na cadeira e estudar.”

Humilhação

Na ata é relatada também, a intervenção de ex-gerente da Cerest-DF que afirmou ser psicóloga há 20 anos e estar envergonhada por estar presente naquela reunião e frisou o tratamento de desrespeito em relação aos colegas presentes. De acordo com o documento a diretora respondeu: “A servidora poderia saber muito de psiquiatria, mas não sabia nada de vigilância”.

Ainda na reunião outros servidores se manifestaram quanto à humilhação sofrida por profissionais presentes. Porém, consta na Ata da reunião que os questionamentos foram respondidos com desdém.

As intimidações chegaram a ponto de fazer uma servidora chorar e, por não aguentar o estresse do momento, a trabalhadora abandonou a reunião. Segundo o adendo, o máximo que Claudia de Castro conseguiu esboçar, ao se dar conta dos excessos, foi mencionar: “[…] falou o que quis e não ficou para ouvir.”, e foi além: “Ela disse que eu faço ‘cara feia’ quando não concordo, ‘mas eu também tenho que ficar olhando a cara feia de todos vocês’”.

Segundo consta na ata da reunião que ocorreu entre 10 e 14 horas, “sem que ninguém tivesse saído para almoço”, atônitos e sem reação a reunião foi encerrada.

Ação Civil no MPT

De acordo com a denunciante, foi registrado uma queixa junto ao Ministério Público do Trabalho  (MPT) que aceitou o pedido de investigação. O MPT onde foi aberto um Inquérito Civil em 17 de dezembro de 2015 para o pedido de investigação do caso foi aceito, no final de fevereiro.

O Blog entrou em contato com o MPT, porém, recebeu apenas um protocolo de atendimento, mas até a publicação da matéria, não houve respostas aos questionamentos de Política Distrital sobre o caso.

Secretaria de Saúde

Política Distrital acionou a SES-DF para apurar se ocorreram denúncias sobre o caso à época na Secretaria e as providências tomadas por parte da Pasta. Por meio da Assessoria de Comunicação (Ascom), a SES informou que somente em março de 2016 foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o caso.  Mas chama atenção que Claudia de Castro permaneceu a gerir a Cerest-DF.

A Secretaria de Saúde informa que sua Corregedoria recebeu a denúncia contra a referida servidora e a apuração deve ser concluída até a próxima semana. A pasta informa, ainda, que o processo administrativo foi instaurado em 7 de março deste ano e segue sob sigilo, uma vez que é necessário resguardar a imagem e honra dos servidores envolvidos, conforme artigo 5º, inciso x, da Constituição Federal. A profissional permanece à frente da Diretoria do Centro Distrital de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), da Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS).

Traumas e perseguições

Além da denunciante do caso, Política Distrital, conversou também com alguns servidores que participaram da reunião e presenciaram as agressões por parte da diretora Claudia de Castro no final de novembro. Uma vez que todos pediram para não serem identificados, o blog os identificará por Vítima1, Vítima2 e Vítima3.

Segundo Vítima1, após a reunião, os servidores alocados na Cerest-DF sofreram perseguições por parte de Claudia de Castro:  “Todos nós estamos sendo vítimas de assédio moral. Eu e mais dois médicos, uma enfermeira e uma fisioterapeuta, estamos sendo transferidas do Cerest. (SIC).”, disse ao afirmar que as transferências e deram “um dia após a reunião”, concluiu.

Vitima2 por sua vez disse afirmou ao Blog que estão adoecendo: Estamos sem conseguir trabalhar em nossos projetos. Sete pessoas foram afastadas do trabalho por atestado médico. Três colegas com acompanhamento psiquiátrico. (SIC)”, afirmou.

Vítima3 também confirmou a perseguição por parte de Cláudia de Castro: “Todos nós que estávamos na reunião que você tem o adendo estamos sendo removidos. Nós fomos desqualificados desde que ela assumiu a direção.”.

Ainda de acordo com Vítima3, falou sobre a incidência de doença em decorrência das perseguições: “Tive hipertensão arterial. Insônia. Ansiedade e depressão. Fui atendido no Samu [Serviço de Atendimento Médico de Urgência]. Todos os colegas estão com estado depressivo. (SIC)”, e acrescentou: “Como pode sofrer assédio no centro de referência em saúde do trabalhador¿”, questionou.

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