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23 abr 2024 02:30


Ex-ministro José Dirceu é preso na Operação Lava Jato

Ele foi levado para a sede da Polícia Federal em Brasília.
Dirceu já cumpre prisão domiciliar porque foi condenado no Mensalão.

Por Ana Zimmerman

A Polícia Federal prendeu sete pessoas nesta segunda-feira (3), numa nova fase da Operação Lava Jato. Entre os presos está o ex-ministro José Dirceu. Ele foi levado para a sede da Polícia Federal em Brasília, e agora é aguardado em Curitiba, onde fica a força-tarefa da Lava Jato.

O juiz Sergio Moro pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal para que José Dirceu seja transferido para a carceragem do Polícia Federal em Curitiba. É que ele já está em prisão domiciliar em Brasília, por causa do Mensalão. Os outros presos devem chegar durante a tarde desta segunda-feira.

Duzentos policiais federais cumpriram, hoje cedo, 40 mandados judiciais. O outro preso preventivamente é Fernando Antonio Guimarães de Moura, empresário de São Paulo ligado ao ex-ministro.

O irmão e sócio de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, teve prisão temporária decretada e foi preso em casa no interior de São Paulo, em Ribeirão Preto.  Outras três prisões temporárias foram feitas em São Paulo, a de Roberto Marques, Olavo Moura Filho e Paulo Kipersmit. Uma outra pessoa é procurada.

A polícia cumpriu também mais sete mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento e prendeu, no Rio de Janeiro, o engenheiro Celso Araripe, gerente da Petrobras que ainda está na ativa. A prisão dele havia sido decretada em outra fase da Operação Lava Jato, que investiga as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez.

A operação foi chamada de Pixuleco, porque, segundo os investigadores, esse era o nome que os acusados usavam para falar da propina recebida em contratos.

Na operação deflagrada nesta segunda-feira, os policiais também apreenderam cerca de 20 obras de arte, uma delas de propriedade do ex-gerente Renato Duque. Os quadros costumam ser usados para disfarçar o pagamento de propina.

Ao explicar a nova fase da Lava Jato, os investigadores disseram que além de empreiteiras, prestadoras de serviço que atuavam na Petrobras, também desviavam recursos, que eram repassados a José Dirceu.

“Ela envolve uma estrutura de empresas voltadas ao pagamento de propina, um intermediário e os respectivos destinatários. Uma parcela desses beneficiários era o senhor José Dirceu e algumas outras pessoas vinculadas a ele, assim como alguns outros pagamentos que foram relacionados ao Renato Duque e alguns outros intermediários que estão sendo investigados nessa nova fase”, fala o delegado da Polícia Federal, Márcio Anselmo.

Os procuradores também apontaram o jornalista Leonardo Atuch, dono da Editora 247 e do site Político Brasil 247, recebeu R$ 120 mil de um dos operadores do esquema.

José Dirceu
A Polícia Federal acusa o ex-ministro José Dirceu de ter montado um esquema de corrupção semelhante ao existente no Mensalão.

O ex-ministro passou por um exame médico de uma equipe dele. Segundo a equipe, ele estaria debilitado para viajar para Curitiba. A defesa de Dirceu estuda entrar com um pedido judicial para evitar essa transferência. A transferência depende também de outro aval: do Supremo tribunal Federal, do ministro Roberto Barroso. Cabe a ele a execução das penas do Mensalão do PT. Como Dirceu foi condenado neste processo também precisaria do aval do ministro do STF.

O ex-ministro José Dirceu foi preso em casa em um bairro nobre em Brasília. Por volta das 8h, ele foi levado à Superintendência da Polícia Federal.

O juiz Sergio Moro, que decretou a prisão preventiva, afirmou que existem indícios de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro praticados por Dirceu. Ele afirmou que há indícios de que a empresa de consultoria dele, a JD, recebeu dinheiro de construtoras investigadas na Lava Jato sem prestar serviço.

Moro também reproduziu a versão do delator Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas. Pascowitch contou como o dinheiro desviado da Petrobras chegava ao grupo de Dirceu.

Inicialmente, o ex-consultor da Toyo Setal e delator, Júlio Camargo, concentrava os negócios que Dirceu tinha mais interesse. A maior parte da renda do grupo ligado a Dirceu vinha de contratos da área de serviços compartilhados, firmados pela empresa Hope com a Petrobras, e contrato na área de fornecimento de tubos, firmado pela empresa Apolo.

As empresas pagavam a Júlio Camargo, que repassava ao grupo de Dirceu. Mas houve suspeita de que Júlio não estaria repassando todo o dinheiro devido ao grupo do ex-ministro.

A partir daí, a orientação era repassar direto para Milton Pascowitch. Ele contou que a Hope repassava 1,5% do faturamento de contratos com a Petrobras.

E que outra empresa, a Personal, que fornece mão-de-obra terceirizada para limpeza da Petrobras, pagava mensalmente entre R$ 500 mil e R$ 800 mil ao grupo de Dirceu.

O delator também afirmou que uma obra da Petrobras teve sobrevalor só para que houvesse recursos suficientes para repassar a Dirceu.

O juiz Sergio Moro disse que José Dirceu recebia propina da diretoria de serviços da Petrobras.
Segundo delatores, foi ele quem indicou o então diretor, Renato Duque. O juiz disse que Dirceu teria persistido em receber sua parcela de propina quando era deputado federal e ministro da Casa Civil, do governo Lula, e até mesmo depois de deixar o cargo.

“José Dirceu como beneficiário é uma parte apenas da pintura que queremos mostrar nessa operação. Queremos mostrar Dirceu e Fernando Moura, também um dos presos, como os agentes responsáveis pela instituição do esquema Petrobras ainda no tempo que José Dirceu era ministro da Casa Civil. A partir desse momento ele repetiu o esquema Mensalão”, fala o procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima.

Essa é a segunda vez que Dirceu é preso. O ex-ministro foi preso em 2013, condenado a sete anos e 11 meses de prisão no processo do Mensalão do PT por corrupção ativa.  Hoje cumpre prisão domiciliar. Na decisão, o juiz diz que durante o julgamento do Mensalão do PT, Dirceu já estava recebendo propina do esquema da Petrobras.

“Recebeu valores enquanto preso por seu irmão, que foi a diversas empresas pedir pagamento de valores, doações para a empresa JD”, fala Lima.

Segundo a investigação, o dinheiro não era só para o partido, mas para enriquecimento pessoal. “Na verdade esse esquema ele passa pela compra de apoio parlamentar, talvez esse seja o primeiro ponto. Ele passa por uma facilitação do lucro das empreiteiras. Esse é um segundo ponto. Passa pelo enriquecimento de algumas pessoas. No caso de José Dirceu, nós temos provas de enriquecimento pessoal, não mais de dinheiro somente para partido”, diz Lima.

A empresa Hope declarou, em nota, que sempre colaborou e continuará colaborando com as autoridades. A empresa tem certeza de que, ao final das apurações, tudo será esclarecido.”
A empresa Personal Service declarou que vai aguardar novas informações para entender o que está acontecendo. O advogado De José Dirceu, Roberto Podval, foi procurado, mas não quis falar sobre o caso. A equipe do JH não encontrou o jornalista Leonardo Attuch para comentar as denúncias. Também não conseguimos contato com a Apolo.

Fonte: G1 03/08/2015 14h33 – Atualizado em 03/08/2015 15h13

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