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20 abr 2024 08:52


Miopia Social: O DF que Agnelo não viu

A dez dias do fim do mandato e mais de dois meses após ter perdido a oportunidade de reeleição Agnelo se manifesta.

O Correio Braziliense (21/Dez) publicou entrevista em que o governador do DF, Agnelo Queiroz, faz um desabafo em relação ao período pós-eleitoral. Na entrevista o governador fala das realizações, da campanha eleitoral e a falta de apoio dos correligionários, da vitória de senador, Rollemberg (PSB) para o governo, da relação com a equipe de transição, entre outros temas.

A entrevista foi mais que um simples desabafo. Na prática, uma sucessão de contestações e negações. Nela Agnelo nega que o DF está vivendo uma situação de caos de gestão; que os gastos com o Estádio Nacional Mané Garrincha tenha influenciado no péssimo resultado das urnas; que o déficit de R$ 3,8 bilhões levantados pela equipe de transição de Rollemberg seja verdadeiro.

O Governador afirma que não soube divulgar as ações de governo para a população; que Rollemberg não terá problemas com o quadro de médicos e de professores para a próxima gestão; que o cancelamento da festa de fim de ano é uma perseguição política e que há recursos provenientes de empréstimos.

Ao que parece Agnelo não percebeu que o DF estagnou desde que perdeu as eleições.  E tampouco ter notado as paralisações de serviços públicos, de trabalhadores de empresas fornecedoras do GDF, da falta de remédios e insumos hospitalares nas unidades de saúde ou as pessoas morrendo nos leitos de hospitais ou até mesmo por não conseguir internação nos hospitais da cidade.

O Petista parece não considerar que se não há verbas para pagar os servidores hoje, que Rollemberg também não disporá de recursos para arcar com as despesas do mês corrente (Janeiro) e ainda pagar as dívidas deixadas para a próxima gestão.

Agnelo se contradiz ao sugerir que não á crise no GDF quando, na surdina, articulou a aprovação de da Lei que criou o Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat) na Câmara Legislativa, o que foi considerado inconstitucional posteriormente pela Justica do DF. Ou ainda que teve que retirar recursos da rubrica da Terracap para pagar salários atrasados de servidores públicos. Mais que isso, Queiroz se esquece que além da equipe de transição de Rollemberg, o próprio Tribunal de Contas do DF (TCDF), também confirmou a existência de rombo superior a R$ 2 bilhões nas contas públicas do DF.

Agnelo não viu o contrassenso entre não pagar servidores e fornecedores;  e realizar a festa de fim de ano na Esplanada dos Ministérios, com custo estimado em R$ 2 milhões. Mas a juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), que concedeu liminar em ação movida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), viu e justificou: “Ora, com o caos que se instalou na cidade, especialmente no que se refere à saúde, educação, transporte público, limpeza urbana, pagamento de salários de servidores públicos e terceirizados, além dos problemas decorrentes das fortes chuvas nos últimos dias, não há motivos para gastos tão elevados com festas em detrimento dos serviços básicos de que necessita a população do Distrito federal”

Ao sugerir que a gestão de Rollemberg “Será o maior estelionato eleitoral que a cidade já viu”, talvez Agnelo esteja tentando projetar em Rollemberg a própria realidade enquanto gestor do DF. Afinal logo após assumir o GDF Agnelo descumpriu a promessa de dedicação total à Secretaria de Estado de Saúde, em que assumiria a pasta pessoalmente para resolver o problema da Saúde.

Ao longo dos quatro anos de mandato, Agnelo rasgou as 13 promessas feitas aos servidores da saúde, segurança e educação. Mais que isso, o Petista gastou muito, de forma equivocada e priorizou a criação de legados que não condiziam com a vontade e as necessidades da população do DF.

Talvez Agnelo precise procurar urgentemente um oftalmologista especializado em miopia social. Quem sabe assim perceba que ao governar para si próprio, perdeu uma ótima oportunidade de fazê-lo para o povo, o que resultou na ruína do Governador.

A consequência veio com a não reeleição, mesmo tendo o GDF esgotado os recursos da segunda maior verba publicitária do país, que só perdeu para o governo federal. A população deu a resposta ao descaso de Agnelo, nas urnas.

Rollemberg terá que se esforçar muito para conseguir superar o estelionato eleitoral de Agnelo Queiroz. Pelas demonstrações do Peessedebista, que durante a campanha eleitoral, se dedicou a sentar e dialogar com o povo, acredito que a prioridade do novo governador vá além que deixar legados em formas de elefantes brancos para a posteridade.

Com informações de Correio Braziliense

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