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19 abr 2024 10:22


Vice-governador do DF não vai à acareação na CPI da Saúde sobre grampos

Renato Santana alegou que já disse tudo o que sabia no primeiro depoimento. Distritais queriam que ele ficasse frente a frente com a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, que gravou conversas que tratam de um suposto esquema de propina no GDF

Por Suzano Almeida

O vice-governador Renato Santana (PSD) não foi à acareação com a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, marcada para a manhã desta segunda-feira (15/8), na Câmara Legislativa, sob a alegação de que já esclareceu tudo que sabe. A justificativa (veja a íntegra abaixo) foi entregue pelo advogado de Santana à assessoria da CPI da Saúde, pouco antes do início da sessão.

A sindicalista e o número dois do Palácio do Buriti seriam colocados frente a frente para esclarecer algumas divergências do primeiro depoimento prestado à CPI da Saúde. Em áudios divulgados em 15 de julho, os dois falam em um esquema de propinas em contratos da Secretaria de Saúde que giraria em torno de 10% e 30%.

Santana, por exemplo, disse que só havia se encontrado com Marli uma vez. Mas um segundo encontro teria sido gravado pela sindicalista. As conversas foram divulgadas no momento em que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) discute a transição do atual sistema de gestão da saúde para o modelo das organizações sociais. Em um dos áudios, Renato Santana faz críticas à proposta de Rollemberg.

Segundo integrantes da CPI da Saúde, a assessoria de imprensa de Santana havia confirmado a participação dele na comissão. Marli, por sua vez, compareceu à sessão, que devido à importância foi marcada para o plenário e não na sala das comissões.

“Eu creio que a ausência do vice-governador prejudica muito os trabalhos da CPI. Quando não temos o poder de convidá-lo ficamos impedidos de esclarecer os vários encontros que ele teve com a Marli” , repudiou Wasny de Roure (PT).

Novo depoimento de Marli
Sem a acareação, Marli prestou um novo depoimento. Ela esclareceu que se encontrou pelo menos cinco vezes com o vice-governador. Uma vez no gabinete dele. Dois outros encontros teriam ocorrido no restaurante Traíra sem Espinha, na Vila Planalto. Uma reunião foi marcada na casa da própria Marli e outra na residência de um assessor de Santana.  “Todos os encontros foram gravados”, afirmou.

Ela negou que tenha outros áudios e garantiu que não entregou as gravações para a imprensa. “Não tenho mais nada em meu poder. Não há mais nada que possa vir à tona em relação à membros do Executivo”, declarou. E completou: “Não estou atuando contra o governo, mas contra um esquema de corrupção que está instalado na Secretaria de Saúde”.

Veja  o conteúdo da carta enviada pela defesa do vice-governador à CPI da Saúde:

RENATO SANTANA DA SILVA, Vice-Governador do Distrito Federal, devidamente qualificado, por seu advogado, nos termos da convocação n. 019/2016, que tem por escopo convidar o Vice Governador do Distrito Federal “para prestar esclarecimentos e demais informações relativas à saúde pública do Distrito Federal, com vistas a subsidiar os trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito”, vem, à presença de Vossa Excelência expor e ao final requerer o quanto segue.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal está exercendo seu papel junto à sociedade garantido constitucionalmente ao apurar com ímpar isenção e determinação, eventuais irregularidades na área da saúde pública do Distrito Federal.

O Vice Governador do Distrito Federal foi convidado para contribuir com as investigações da CPI da Saúde, como de fato ocorreu no dia 21/07/2016, onde ele esclareceu todos os fatos vinculados às denúncias que havia recebido em seu Gabinete, estas referentes à Secretaria da Fazenda, e que com relação aos fatos referentes à área da saúde nunca lhe foram noticiadas quaisquer irregularidades.

Diante dos fatos o Vice-Governador cumpriu com sua missão com zelo, lealdade, diligência e retidão ao comunicar o Governador Rodrigo Rollemberg, os fatos que vieram ao seu conhecimento por meio de denúncia de empresários de suposto esquema de fraude no setor financeiro do Distrito Federal. Assim, cumprindo com absoluta clareza, a determinação contida na Lei Complementar 840/2011, Título V, Capítulo Único, “Dos Deveres”, que em seu artigo 180, inciso VI, determina de levar ao conhecimento da autoridade superior as falhas, vulnerabilidades e as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo público ou função de confiança.

Em relação ao conteúdo da convocação n. 019/2016, para prestar esclarecimentos e demais informações relativas à saúde pública do Distrito Federal, com vistas a subsidiar os trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito esclarece:

Isso tudo já está superado, pois o Vice-Governador já compareceu ao convite anteriormente feito pela Comissão, e inclusive já esclareceu todos os fatos necessários relativos às denúncias que teve conhecimento da pasta da Fazenda.

O único ponto controverso, aquele ponto em que a Sra. Marli acusa o Vice-Governador de ter mencionado o Governador Rollemberg nos áudios gravados clandestinamente, será motivadamente apurado na esfera criminal.

Ademais, e conforme já explicitado, o Vice Governador já contribuiu com tudo o que sabia, inclusive junto ao Inquérito Policial 35.2016, que apura tais fatos, nada mais tendo a acrescentar.

Por todo o exposto esclarece:

–          que o Vice Governador já compareceu espontaneamente na CPI da Saúde quando convidado;

–          que o Vice Governador já esclareceu as ações adotadas nas denúncias das quais tinha conhecimento na Secretaria de Fazenda;

–          que o Vice Governador já esclareceu que nada sabia sobre denúncias na área da saúde;

–          que o Vice Governador já prestou os esclarecimentos necessários no inquérito 035/2016;

–          que o Vice Governador nada mais pode contribuir com o objeto da convocação 019/2016.

Estas as considerações que nos competiam. 

César Caputo Guimarães

OAB/SP – 303670

Aguarde mais informações

Fonte: Metrópoles

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