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24 abr 2024 09:35


Aprovação de Rollemberg despenca 19 pontos

Por José Maurício dos Santos

A ressaca de um agitado mar de notícias ruins bateu à porta do governo de Rodrigo Rollemberg no Palácio do Buriti. Erros sucessivos de estratégia e comunicação para tentar lidar da melhor forma com os déficits herdados do último governo se transformaram em números negativos na avaliação do governo. Assim como previu a Tracker Consultoria e confirmou a pesquisa do instituto Paraná realizada com 1.280 eleitores entre os dias 25 e 28 de maio.

Segundo o levantamento, 45,7% aprovam o governo de Rollemberg ante 46,6% que desaprovam.

Para 37,7% dos entrevistados o governo está dentro das expectativas e 25,8% classificaram a gestão acima da expectativa, enquanto para 30,7%, o novo governo vai pior do que o esperado.

Dos eleitores que votaram em Rollemberg, 73,7% responderam que votariam em Rollemberg se a eleição (2º turno) fosse hoje, ante os 26,3% contrários. Entre os não eleitores do governador, 78,2% disseram não, contra 21,8% que sim.

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O Instituto Paraná não disponibilizou o percentual de entrevistados que votaram e não votaram no governador em outubro passado para efeito de análise. A Tracker entrou em contato com um dos sócios à frente da instituição, Mauricio Hidalgo Oliveira, que se disponibilizou em reaver essas informações quando voltar de viagem do Rio de Janeiro.

Vale ressaltar o método atípico utilizado pelos dois últimos institutos que divulgaram a pesquisa (Veritá e Paraná) em relação à pergunta sobre a avaliação do governo. As respostas estimuladas foram restringidas em apenas três alternativas (1ª.sim/aprova 2ª. não/desaprova 3ª. não sei) em detrimento da praxe (ótimo/bom/regular/ruim/péssimo/não sei).

A demora de Rollemberg em dar uma resposta consistente à população quanto aos velhos e novos problemas do Distrito Federal resultou numa alta de 19,1 pontos de desaprovação do seu governo em apenas um mês e meio (entre meados de abril e o final de maio).

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Como advertiu a Tracker previamente em sua análise (GDF vive momento delicado), “o discurso da herança maldita não surte mais efeito. A oposição começa a trabalhar a imagem de Rollemberg de mais do mesmo (governo Agnelo) e sua incapacidade de gestão”.

E a estratégia está surtindo efeito. Ainda mais combinada às trapalhadas da sua equipe de comunicação, que responde diretamente a Hélio Doyle (Casa Civil). A Tracker advertiu ainda quanto à fragilidade do gerenciamento de crise do GDF quando divulgou uma nota com teor técnico, de difícil compreensão para o eleitor, a fim de esclarecer a declaração de Doyle no Bom Dia Brasil de que o governo não descartava a hipótese de demitir servidores públicos para se adequar à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A quantidade de manobras que podem ser realizadas antes de se adotar uma atitude tão extrema e antipopulista mostra o quão foi equivocado o desnecessário desgaste causado pelo vazamento da informação. Ainda mais com a recente informação, que viera à tona, de que petistas ainda fazem parte do quadro de funcionários do GDF.

Uma pesquisa qualitativa da Tracker Consultoria apontou que 83,3% dos entrevistados, de um grupo de 12 pessoas com nível superior completo ou incompleto, entenderam que a “Nota de Esclarecimento” do GDF ratifica a informação de que o governo pode demitir servidores públicos estáveis. Vale ressaltar que 100% dos entrevistados foram contrários a essa medida, incluindo a parcela que não soube responder (16,7%). E 75% foram os que consideraram a informação de difícil compreensão.

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Num outro grupo, composto pelo mesmo número de pessoas, porém de nível médio completo/incompleto, o quadro foi ainda mais negativo. Os 25% que acham que a “Nota de Esclarecimento” do GDF ratifica a informação de que o governo pode demitir servidores públicos estáveis é visto como positivo até cruzar com os outros dados. Pois, 66,6% não souberam responder e 100% consideraram a informação de difícil compreensão.

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A Tracker também realizou uma pesquisa quantitativa onde 92% dos entrevistados se disseram contra a demissão de servidores públicos. Resultado: O GDF contratou uma empresa de Media Training para evitar esse tipo de desgaste.

Demitir servidores por conta de ingerência, seja de Agnelo Queiroz (PT) ou Rollemberg, foi o estopim para a paciência do brasiliense que já reprovara a primeira tentativa de Rollemberg reestruturar as Regiões Administrativas e a sua ambígua política habitacional que favorece segmentos religiosos e da classe A e B, em detrimento da população de baixa renda:

Enquanto se discute uma eventual comercialização das invasões no Lago Paranoá (puxadinhos de Mansões do Lago Sul que restringem o acesso público), e regularizações de terrenos ocupados por entidades filantrópicas, passa-se o trator em casas e barracos em condomínios das classes C, D e E.

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Servidores do GDF protestando em frente ao Palácio do Buriti contra possíveis demissões.

 Essas divergências, sob o holofote da mídia e da oposição, refletem diretamente na imagem do governo. Grande parte dessas sequências de acontecimentos negativos surgiram após a primeira pesquisa do Instituto Veritá, em meados de abril, que ainda apontava um cenário favorável para Rollemberg.

Hoje, quanto à expectativa do eleitor em relação ao trabalho do novo governador, o resultado é de declínio. De 75% dos entrevistados que ainda consideravam o governo melhor do que esperavam, apenas 27,4% mantiveram a mesma opinião um mês e meio depois.

Dos 47,6 pontos de queda, 20,6 se somaram aos que consideram o governo dentro das expectativas e 27 pontos para os que se disseram frustrados, ou seja, acham que o governo não atendeu o esperado até o momento.

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Além da popularidade, a governabilidade de Rollemberg também preocupa. A queda nas pesquisas reflete na relação com o Legislativo. Ainda mais diante de uma pauta espinhosa que é o pacote de maldades que está em discussão na CLDF para minimizar os efeitos da crise. A lógica é: ir junto com um governo mal avaliado é ir contra a população. O que não é o caso, ainda, mas um prenúncio.

Após a saída do então líder do governo, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), do cargo e da base aliada, foi a vez da presidente da Casa, Celina Leão (PDT), abandonar o barco em uma decisão isolada a do partido. O PDT, que ao lado do PSD, foi o maior aliado do PSB na eleição de 2014.

Uma dura derrota para o secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, que vinha desempenhando um excelente trabalho entre os dois poderes, sempre conseguindo emplacar a agenda do Executivo. Sem a presidente da Casa, e nenhum deputado do PSB, o desafio de Dantas será ainda maior, apesar de garantir uma boa relação com a parlamentar.

Em que pese os momentos semelhantes em que vive a Capital e o País (ambos remanescentes de governos petistas e em crise financeira e política; ambos os chefes do Executivo convivendo com a sombra de um infundado sentimento de impeachment evocado por uma minoria), para Rollemberg o cenário é mais favorável do que o de Dilma Rousseff.

A comparação a seguir foi feita para se verificar o tamanho dos desafios de Rollemberg:

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Percebe-se que, ao contrário do governo federal que também vive uma crise política consolidada, o GDF passa apenas por problemas financeiros. Mas, um sinal amarelo ascendeu na relação entre o Buriti e o Legislativo. A forma como o Executivo administra a máquina pública reflete diretamente na relação com a sociedade e, consequentemente, com os seus representantes mais próximos, os parlamentares.

Ninguém nunca disse que os seria fácil. Para os desapaixonados, que mantém os pés no chão na maioria do tempo, era de se esperar toda essa dificuldade. Ainda mais com o eleitor brasileiro que se move na base das emoções, assim como o torcedor de futebol. Ou seja, o trabalho deve ser realizado com base em resultados. A política de austeridade ainda não sustenta uma reeleição (apesar do iminente fim da reeleição para cargos executivos discutido no Congresso Nacional).

A diretoria do Flamengo que o diga ao suportar a panela de pressão de um clube com uma saúde financeira exemplar, mas na zona de rebaixamento. Resultado: alterações na equipe técnica e operacional e investimentos a fim de dar retorno ao torcedor apaixonado.

Para o amnésico eleitor, um governo é marcado pelo seu início e seu desfecho, cabendo à justiça julgar os meios.

Cabe a Rollemberg terminá-lo bem. Como? A receita é a mesma que Dilma não seguiu antes de se instalar uma crise política:

1º – por fim às divergências internas, às guerras de ego. O governo deve ter um discurso uno;

2º – ampliar o debate com a população;

3º – ampliar o debate com o Legislativo (oposição e base);

4º – fazendo mais política;

5º Dar notícias boas aos brasilienses que estão cansados de ouvir desculpas e coisas ruins.

17/04/2015. Crédito: Paula Rafiza/Esp.CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF. Entrevista com o governador Rodrigo Rollemberg, em seu gabinete, no Palácio do Buriti.

Como dizia Maquiavel: “Faça o mal de uma vez e o bem aos poucos”.

Eis algumas máximas do Maquiavelismo que pode se considerar:

• Os fins justificam os meios

• Mais importante do que ser é parecer ser

• É melhor, cortar o mal pela raiz

• Na ilusão, o povo se rebela contra o seu líder

• Nunca é tarde para preparar a base

• Surpreenda aos que, de ti, esperam o mal

• Assuma pessoalmente o comando militar (governo).

• O politicamente correto, nem sempre é o que se deve fazer.

• Não é preciso cumprir uma palavra dada quando ela se torna prejudicial.

• O povo tem memória curta

• Nunca volte atrás de suas decisões

• Para punir use terceiros e para elogiar apareça

• Repercuta um prêmio ou uma punição dada (maximar o bem e minimizar o mal)

• Divisão interna só beneficia o inimigo

Fonte: Tracker Consultoria e Assessoria

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